Os muitos benefícios para a saúde do consumo regular de maçã
Nunca a ciência reuniu tanto conhecimento sobre os poderes dessa fruta, que ajuda a baixar o risco de doenças cardiovasculares e contribui para a vida longa
Se o segredo da boa saúde passa por uma alimentação equilibrada, como a ciência pontua de forma inequívoca, é indispensável saber quais são, afinal, os itens à mesa que melhor contribuem para tal. Há tempos a maçã desponta nas listas, justificando o velho provérbio segundo o qual o consumo de apenas uma unidade por dia é suficiente para manter os médicos bem longe (do inglês, an apple a day keeps the doctor away). Não é literalmente assim, claro, mas uma vasta leva recente de pesquisas demonstra que a fruta merece lugar especial no cardápio para uma vida saudável e longeva. O destaque dado à maçã vem da gama de benefícios identificados nela — entre os mais relevantes, a proteção contra as doenças cardiovasculares, número 1 em mortes no mundo. Uma revisão de 157 estudos, conduzida por especialistas ingleses e americanos e patrocinada pela Academia Americana de Nutrição e Dieta, acaba de comprovar essa relação positiva e aponta como principal explicação a presença de flavonoides na fruta. Encontrados em alimentos diversos, como a uva e outras frutas vermelhas, chás e chocolate, eles desempenham múltiplas ações nos processos que garantem a continuidade do fluxo de sangue nos vasos, permitindo a adequada irrigação do cérebro e do coração.
Estima-se que uma pessoa adulta deva consumir de 200 a 300 miligramas de flavonoides por dia. Um copo de chá verde possui a maior concentração da substância (300) entre as opções mais acessíveis. A mesma medida do tipo preto contém 280 miligramas. Em outros alimentos, a porção do composto baixa: cada pedaço de chocolate preto, por exemplo, tem 20 miligramas, enquanto numa taça de vinho tinto há 15 miligramas. No rol das frutas, a maçã dispõe de boa quantidade, 15 miligramas contidos em uma unidade pequena. Para dar conta da cota diária de flavonoides indicada para reduzir o risco cardiovascular, recomenda-se uma combinação de alimentos. “Nossa orientação é o consumo de dois copos de chá, uma fruta vermelha, como o morango, e uma maçã”, aconselha Gunter Kuhnle, da Universidade de Reading, na Inglaterra, que participou do estudo.
São os flavonoides da maçã que influenciam ainda na prevenção do câncer, junto com uma variedade de micronutrientes, como zinco, ferro e vitaminas C e D encontrados na fruta. A combinação forma um escudo contra reações que, em última instância, levam à proliferação desenfreada de células que caracteriza um tumor. A ingestão regular de maçã está associada à redução de risco de câncer de pulmão, boca, mama e do trato digestivo, como recém-elencou artigo publicado pela americana Fundação Nacional para Pesquisa do Câncer. Trata-se de uma fruta tão rica que seus benefícios se estendem até à regulação da microbiota intestinal, conjunto de microrganismos acomodados no aparelho digestivo que desempenham funções tão distintas quanto vitais, chegando a melhorar o desempenho cognitivo. E o jeito ideal de consumi-la é como ela vem ao mundo: fresca. “Há assim maior disponibilidade de nutrientes”, diz a nutricionista Anna Carolina Di Creddo, do Instituto do Coração. A especialista ressalta que se deve incluir a fruta em menus que privilegiem a diversidade alimentar. Desse modo, o corpo recebe o melhor de cada opção à mesa e agradece.
Publicado em VEJA de 4 de janeiro de 2023, edição nº 2822