Opas emite alerta após morte fetal e microcefalia por febre Oropouche
Quatro episódios de malformação em bebês e um abortamento estão em investigação no Brasil; cinco países das Américas somam quase 7.700 casos da doença
Diante dos casos em investigação de microcefalia e morte fetal relacionados com a febre Oropouche no Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu um alerta aos países da região das Américas sobre o risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê e pediu reforço na vigilância para identificação de episódios semelhantes na noite desta quinta-feira, 18.
Na semana passada, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica sobre a suspeita de relação entre quatro casos da malformação em bebês e um abortamento e a arbovirose. Há uma investigação em andamento, mas a pasta já alerta para o risco da infecção para gestantes.
De acordo com a Opas, cinco países das Américas somam cerca de 7 700 casos da doença, dos quais 6 976 foram registrados no Brasil. Bolívia, Peru, Cuba e Colômbia também têm notificações. Os números são do período de janeiro a julho deste ano.
A entidade citou dois episódios do estado de Pernambuco que tiveram confirmação laboratorial de infecção pelo vírus. Em um deles, uma grávida apresentou sintomas na 30ª semana de gestação e foi relatada posteriormente a morte do feto.
No outro caso, os sintomas também foram observados em uma gestante que acabou sofrendo um aborto espontâneo.
“A possível transmissão vertical e as consequências no feto ainda estão sob investigação”, destacou a Opas no informe. “No entanto, esta informação é partilhada com os Estados-membros para os sensibilizar para a situação e ao mesmo tempo solicitar que estejam atentos à ocorrência de eventos semelhantes nos seus territórios”, completa.
O alerta da entidade antes mesmo da conclusão das investigações sobre a possibilidade de relação entre o vírus e impactos para os fetos está ligada a evidências de que outros patógenos podem causar malformações, caso do zika vírus, que levou a casos de microcefalia em ao menos 4 595 bebês entre 2015 e 2017.
Entenda a febre Oropouche
A febre Oropouche é causada pelo vírus OROV e é transmitido por mosquitos. Em regiões urbanas, o Culex quinquefasciatus é um dos vetores.
Detectado pela primeira vez em Trinidad e Tobago no ano de 1955, tem causado surtos esporádicos no Brasil, Equador, Guiana Francesa, Panamá e Peru.
Os sintomas da doença são febre de início súbito, dor de cabeça, rigidez articular e dores. Alguns pacientes manifestam fotofobia (intolerância visual à luz), náuseas e vômitos persistentes que podem durar de cinco a sete dias.
Em casos mais graves, que são raros, pode ocorrer a evolução para meningite asséptica.
Como evitar a febre Oropouche
Assim como outras arboviroses, não há vacina disponível para evitar a infecção.
A recomendação da Opas é usar roupas que cubram os braços e as pernas, instalar telas mosquiteiras em portas e janelas, usar mosquiteiros nas camas e utilizar repelentes com DEET, IR3535 ou icaridina.