Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

O uso do videogame no tratamento de déficit de atenção em crianças

A aprovação de agência americana abre caminho para a utilização da realidade virtual para distúrbios mentais

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h09 - Publicado em 26 jun 2020, 06h00

Em decisão inédita, a FDA, a agência dos Estados Unidos que regula os remédios, aprovou um jogo de videogame para o tratamento médico de crianças. Desenvolvida pela empresa de medicina digital americana Akili Interactive Labs com o nome comercial de EndeavorRx, a diversão é recomendada para o controle de um transtorno psíquico infantil, o déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O distúrbio é diagnosticado em torno dos 7 e 8 anos de idade e, por uma razão ainda desconhecida, acomete sobretudo os meninos. A prevalência global é de 5%. Os sintomas são desatenção, impulsividade e hiperatividade. A vida escolar é afetada. Quem sofre do problema e não é acompanhado tem notas baixas e é tachado de preguiçoso, malcriado e aéreo injustamente.

O pulo do gato do videogame é conseguir prender a atenção da criança e exigir que ela monitore duas tarefas simultaneamente, melhorando a capacidade de atenção. “Esse produto mostra o impacto que a tecnologia pode ter no funcionamento cerebral, sobretudo na infância”, diz o psiquiatra Guilherme Polanczyk, professor de psiquiatria da infância e adolescência da Universidade de São Paulo.

CRIANCA-VIDEO-GAME-ESTUDO-CLINICO-1.jpg
ATENÇÃO - Córtex: a área estimulada é a da concentração (Stanford Children’s Health/.)

Na brincadeira, o usuário conduz uma nave voadora por um percurso cheio de obstáculos, em que precisa evitar riscos como fogueiras ou minas subaquáticas. Ao mesmo tempo, coleciona alvos ao longo do caminho. O game tem ainda algoritmos que podem se adaptar em tempo real para ajustar o nível de dificuldade, dependendo de quem está no comando, e assim personalizar o tratamento. A região do cérebro estimulada pelo enredo é o córtex pré-frontal, área com maior impacto no TDAH. É por meio dela que se desenvolvem a concentração, o controle de impulsos, o planejamento, a tomada de decisão e a conscientização. Diz o psiquiatra Luiz Roh­de, professor de psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do programa de déficit de atenção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre: “É promissor, mas ainda é cedo para ser definido como um recurso terapêutico definitivo”.

Continua após a publicidade

arte-TDAH

O tratamento do TDAH é feito tradicionalmente com anfetaminas, como a Ritalina e o Adderall. Elas acalmam e são celebradas por isso. Trata-se, contudo, de substâncias viciantes que, em excesso, podem desencadear problemas respiratórios, taquicardia, depressão e ansiedade. Os games também têm efeitos colaterais, que incluem dor de cabeça e sensação forte de frustração, mas são claramente mais leves. Nos Estados Unidos, é preciso receita médica para baixar o jogo. No Brasil, ele ainda não foi aprovado pelas autoridades de saúde.

ASSINE VEJA

Wassef: ‘Fiz para proteger o presidente’
Wassef: ‘Fiz para proteger o presidente’ Leia nesta edição: entrevista exclusiva com o advogado que escondeu Fabrício Queiroz, a estabilização no número de mortes por Covid-19 no Brasil e os novos caminhos para a educação ()
Clique e Assine

No passado recente, jogos eletrônicos têm sido usados em crianças com outros tipos de problemas psíquicos, em especial o autismo, e com bons resultados. A realidade virtual treina o contato olho no olho e estimula a interação social. Mas é a primeira vez que o uso tem um aval oficial.

Publicado em VEJA de 1 de julho de 2020, edição nº 2693

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.