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O novo patamar de perda de peso com dose potente de Wegovy

Análise apresentada em congresso americano mostra emagrecimento de até 25%; média alcançada se aproxima à do Mounjaro

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2025, 17h46 - Publicado em 20 jun 2025, 20h30

CHICAGO* – Um estudo com o triplo da dose do medicamento contra obesidade à base de semaglutida Wegovy, da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, alcançou um novo patamar de perda de peso: com 72 semanas de tratamento, o emagrecimento médio foi de quase 21% e chegou a 25% em um terço dos participantes, segundo dados que serão apresentados neste sábado, 21, na reunião anual da Associação Americana de Diabetes (ADA, na sigla em inglês), evento que teve início nesta sexta-feira, 20, e deve reunir 12 000 médicos até a próxima segunda-feira, 23, em Chicago, nos Estados Unidos.

Para o ensaio clínico de fase 3 STEP UP, realizado em 95 centros de 11 países, os pesquisadores compararam a dose de 7,2 mg de semaglutida, ainda não disponível no mercado, com a caneta injetável semanal Wegovy (semaglutida 2,4 mg) e placebo em 1 407 adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m² e sem diabetes. Com a dose elevada, a perda de peso média foi de 20,7% e 33,2% dos participantes emagreceram mais de 25%. Com a dosagem de 2,4 mg, aprovada no Brasil em janeiro de 2023, os índices foram 17,5% e 16,7%, respectivamente.

O estudo em si não teve como foco pacientes com diabetes, mas segue uma tendência de cuidado com a saúde atenta à interligação entre as doenças metabólicas. Nesse contexto, combater a obesidade é uma forma de atacar o diabetes tipo 2 e um conjunto de complicações associadas, que vão de eventos cardiovasculares passando por apneia do sono e gordura no fígado até problemas articulares e alguns tipos de câncer.

“Há uma ligação epidemiológica entre obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Sabemos que 86% das pessoas com diabetes tipo 2 vivem com sobrepeso ou obesidade e 31% das pessoas com obesidade vivem com diabetes tipo 2”, diz a médica endocrinologista Julia Cabral Bastos, gerente médica de diabetes da Novo Nordisk.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), cerca de 589 milhões de pessoas de 20 a 79 anos vivem com diabetes. O Brasil ocupa a sexta posição no ranking global com 16,6 milhões de episódios.

Julia relembra que, em todo o mundo, 1 bilhão de pessoas vive com obesidade e, de acordo com a última edição do Atlas da Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês), divulgada em março, metade da população adulta do globo estará com sobrepeso ou obesidade em cinco anos.

Além dos medicamentos ou do placebo, todos os voluntários tiveram de participar de um programa de mudanças de hábitos, aderindo a uma dieta balanceada e prática de exercícios físicos. Com essas alterações de estilo de vida, a redução de peso do grupo placebo foi de 2,4% — de acordo com a literatura médica, o emagrecimento em pessoas com obesidade que leva a impactos positivos para a saúde gira em torno dos 10% –.

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A meta da farmacêutica é solicitar a atualização da bula com a dose mais alta de Wegovy na União Europeia no segundo semestre deste ano e, depois, fazer submissões regulatórias onde o medicamento já foi aprovado.

EFEITO OZEMPIC - Tratamento com canetas: indicação médica é fundamental
AGONISTA DO GLP-1 – Perda de peso: índice chegou a 25% em 33,2% dos participantes de estudo (//Getty Images)

Efeitos adversos

Assim como os demais tratamentos com agonistas do GLP-1, os participantes apresentaram eventos adversos gastrointestinais, como náusea, de intensidade leva a moderada, que diminuíram ao longo do tratamento.

Neste estudo, o evento raro de Neuropatia Óptica Isquêmica Anterior Não Arterítica (NOIAN), uma inflamação do nervo óptico causada por insuficiência vascular que pode levar a perda da visão, não foi identificado.

Neste mês, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) alertou sobre o risco do efeito colateral e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pediu a inclusão do evento raro na bula do medicamento. Sobre o caso, a Novo Nordisk informou, em nota, que “os dados não sugerem uma possibilidade razoável de relação causal entre a semaglutida e a NAION e que o perfil de risco-benefício da semaglutida continua favorável”.

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Importância do estudo

Professor livre-docente em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o endocrinologista e pesquisador Bruno Geloneze, que acompanha o evento, destacou que o estudo reforça a capacidade dos atuais tratamentos contra a obesidade de levar a perdas de peso superiores a dois dígitos, um cenário que não era possível de ser atingido com segurança há duas décadas.

“A perda de peso não chegava a 10% e os efeitos colaterais eram intoleráveis. Há sempre um impasse entre a potência do tratamento e a tolerabilidade. O que considero mais interessante é que, aumentando três vezes a dose, o paciente tolerou.”

Segundo Geloneze, os fármacos atuais caminham para resultados semelhantes aos alcançados por procedimentos cirúrgicos, destacando que cada caso deve ser avaliado individualmente.

“Ao sair de 2,4 mg para 7,2 mg, a perda de peso passou de 17% quase 21%. Quando cruza a fronteira dos 20%, chega no nível de bariátrica.”

O pesquisador diz, mesmo esta sendo uma droga já consolidada em testes e uso na vida real, a nova dosagem traz ainda mais segurança para a indicação médica, que, inclusive, integra a nova diretriz para o tratamento contra a obesidade anunciada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) no mês passado. “Isso enfraquece as preocupações com doses mais baixas.”

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Wegovy e Mounjaro

O novo patamar de perda de peso da semaglutida aproxima a droga dos resultados da tirzepatida (Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly), que, em estudos, demonstrou capacidade de reduzir o peso em 22,5% com a dosagem mais alta de 15 mg e , em 40% dos 2 500 voluntários, a perda de peso corporal foi superior a 40%.

Os índices surpreendem e superam barreiras, mas a meta de emagrecimento a ser alcançada sempre terá de ser discutida com o médico que acompanha o caso. Geloneze relembra que esses índices, inclusive, não estão na proposta de todos os pacientes em tratamento.

“Um paciente com 30 de IMC tem indicação de medicamento, mas, se perde 20% do peso, passa do ponto. O importante é tolerar bem, sentir-se bem e ficar saudável. No dia a dia, tem de ajustar.”

Em relação à possível preocupação de que a redução de peso expressiva leve à perda de massa magra, o endocrinologista ressalta que o acompanhamento médico é fundamental e detalha o funcionamento do fármaco no organismo.

“Não é patrimônio da medicação fazer perder massa magra. Ela melhora a resistência à insulina independentemente da perda de peso e a melhora da sensibilidade à insulina faz preservar mais músculos. Os casos de emagrecer mais do que precisa são por não fazer um planejamento adequado.”

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Ele finaliza com uma orientação que vale para médicos e pacientes: “O objetivo do manejo da obesidade não é só perder peso, mas ter saúde”.

*A repórter viajou para o congresso a convite da Novo Nordisk

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