Novo tratamento para doença inflamatória intestinal é aprovado pela Anvisa
Até 50% dos pacientes tratados com terapia avançada para retocolite ulcerativa tiveram remissão da doença; medicamento é indicado para casos moderados a graves
Uma nova terapia avançada para o tratamento de retocolite ulcerativa ativa, doença inflamatória intestinal que pode causar danos no cólon, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informou a farmacêutica Johnson & Johnson. O guselcumabe, um anticorpo monoclonal, é indicado para casos moderados a graves da condição que não apresentaram resposta ou intolerância ao tratamento convencional ou propostas inovadoras, como inibidores da proteína janus-quinase (JAK).
A aprovação considerou um ensaio clínico de fase 2b/3, chamado Quasar, que apontou o potencial do medicamento de levar à remissão da doença em 50% dos pacientes que fizeram um tratamento com doses subcutâneas de 200 mg a cada quatro semanas após um período de 44 semanas. O mesmo desfecho foi alcançado por 45% dos voluntários que receberam a dose de 100 mg a cada oito semanas. No grupo placebo, o índice foi de 19%.
“O guselcumabe se destaca como uma alternativa terapêutica importante para o tratamento da retocolite ulcerativa, combinando altas
taxas de remissão clínica e endoscópica com um perfil de segurança favorável e dosagem flexível, tornando-se uma ferramenta valiosa
tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde”, disse, em nota, Alexander Rolim, cirurgião do aparelho digestivo e membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Depois de um ano de tratamento, 34% dos tratados com 200 mg e 35% dos que receberam 100 mg tiveram a remissão endoscópica, quando há cicatrização visível do cólon.
“Mesmo com terapias avançadas disponíveis no Brasil, ainda há uma necessidade significativa de novos tratamentos para a retocolite
ulcerativa que equilibrem eficácia e segurança”, afirmou, em comunicado, Aniela Branco, diretora médica de Imunologia da Johnson & Johnson Innovative Medicine no Brasil.
O guselcumabe foi aprovado em março de 2018 para o tratamento de pacientes adultos com psoríase em placas moderada a grave e, em maio de 2020, foi liberado para casos de artrite psoriásica ativa também em adultos.
Em fevereiro deste ano, a Anvisa aprovou outro tratamento, o upadacitinibe (Rinvoq), da AbbVie, também para o tratamento de retocolite ulcerativa em adultos, aumentando o arsenal de tratamentos para a doença no Brasil. O medicamento levou a índices de 26% a 52% de remissão clínica da doença. No país, estima-se que há cerca de 56 casos da doença a cada 100.000 habitantes.
Entenda a doença
Tipo de doença inflamatória, a retocolite ulcerativa ocorre quando há uma resposta exagerada do sistema imunológico, causando inflamação no intestino. Esse processo pode levar a danos no revestimento do cólon, parte do intestino grosso.
Entre os sintomas, estão: sangue nas fezes, fezes soltas e mais frequentes, diarreia persistente, perda de apetite e de peso, fadiga e dor abdominal. Os pacientes costumam apresentar ainda índices altos de depressão e ansiedade.