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Morte por raiva humana é confirmada no Recife

A vítima, Adriana Vicente da Silva, de 36 anos, morreu após ser ferida em abril deste ano por um gato contaminado com raiva silvestre

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jul 2017, 19h23 - Publicado em 3 jul 2017, 17h54

Recife confirmou o primeiro caso de raiva humana em dezenove anos, de acordo com Jurandir Almeida, gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde do Recife. Adriana Vicente da Silva, de 36 anos, morreu na última quinta-feira, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), mas o resultado do exame realizado pela Instituto Pasteur, de São Paulo, que confirmou a causa do óbito, foi divulgado somente nesta segunda-feira.

O laudo do exame mostrou que o vírus encontrado em Adriana é de origem silvestre (cepa 3), proveniente de um morcego hematófago (que se alimenta de sangue). Jurandir acredita que o gato que transmitiu a doença para a mulher tenha entrado em contato com um morcego contaminado.

“Fazia doze anos que não tínhamos registro de raiva canina ou felina [ciclo urbano]. Por causa da aproximação da zona urbana e silvestre, casos assim são raros, mas podem acontecer”, afirmou o gerente.

Antes mesmo da confirmação, após ser levantada a suspeita de raiva, o Centro de Vigilância Ambiental do Recife iniciou as medidas necessárias para evitar novos casos da doença. “Em um raio de 1 quilômetro da residência da vítima nós iniciamos a vacinação de cães e gatos em cada domicílio. Também instalamos postos de vacinação em um raio de 5 quilômetros do local e iniciamos uma vistoria para capturar morcegos que estejam escondidos em residências abandonadas, por exemplo, além de orientar a população sobre a importância de vacinar os animais e notificar caso encontrem algum morcego, cão ou gato com características alteradas”, diz Jurandir .

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O caso

Adriana era dona de uma pet shop e havia sido ferida na mama direita por um gato no dia 26 de abril. Na época, a mulher não procurou nenhuma unidade de saúde para relatar o ocorrido e tomar as medidas de saúde necessárias. Somente no dia 18 de junho, quando os sintomas começaram a se desenvolver, ela foi internada no Hospital Agamenon Magalhães, localizado na Zona Norte do Recife. Na última segunda-feira, em razão do agravamento do quadro, ela foi transferida para o HUOC, onde faleceu.

Segundo Jurandir, o fato de ela ter demorado para notificar o acidente e procurar ajuda foi um agravante, tanto de seu estado de saúde quanto do combate a novas transmissões.

Raiva em humanos

A raiva é uma doença de origem viral transmitida, em geral, pelo contato com a saliva ou secreções de animais infectados, como mordidas, arranhões ou lambidas. Nos animais, os sintomas da doença geralmente são dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento, mudança de hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras.

Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um “uivo rouco”, segundo informações do Ministério da Saúde. “Gatos agressivos, morcegos voando de dia ou caídos no chão são sinais de alerta”, diz Jurandir.

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Em humanos, os sintomas começam com transformação de caráter, inquietude, perturbação do sono, sonhos tenebrosos, alterações na sensibilidade, queimação, formigamento e dor no local da infecção. Posteriormente, instala-se um quadro de alucinações, febre e crises convulsivas. Como provoca inflamações no cérebro e na medula, o índice de letalidade da doença é de aproximadamente 100%.

Uma vez mordida ou agredida por um animal, mesmo se ele estiver vacinado contra a doença, o ideal é lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar com urgência o serviço de saúde mais próximo para avaliação e prescrição de profilaxia antirrábica humana adequada, que consiste em tomar vacina e soro logo após o incidente.

Cura da raiva

Em Pernambuco, o último registro da raiva em humanos foi em 2008. Na época, um garoto, morador de Floresta, no sertão, levou uma mordida de um morcego e foi diagnosticado com a doença. O adolescente sobreviveu e foi o primeiro caso de cura de raiva humana no Brasil.

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