Laboratório brasileiro recebe aval para produzir remédios da família do Ozempic
Farmacêutica EMS anuncia lançamento de análogos de GLP-1 de uso diário para obesidade e diabetes

Um dos maiores laboratórios nacionais, a EMS recebeu sinal verde da Anvisa para produzir e comercializar em 2025 dois remédios pertencentes à família dos análogos de GLP-1, famosa pelo medicamento Ozempic.
A empresa anunciou o lançamento de duas medicações baseadas no princípio ativo liraglutida, administradas por meio de injeções diárias: Olire, para obesidade, e Lirux, para diabetes tipo 2.
Com a queda da patente da liraglutida, criada e vendida pela Novo Nordisk, a farmacêutica brasileira investiu no desenvolvimento sintético de sua versão, agora apresentada ao mercado. Seus lançamentos concorrem, assim, com o Saxenda e o Victoza, da Novo Nordisk, destinados respectivamente a obesidade e diabetes, além de disputar prescrições com as canetas de aplicação semanal, caso da semaglutida de Ozempic e Wegovy.
Segundo o presidente do conselho de administração da companhia, Carlos Sanchez, todo o processo de pesquisa e desenvolvimento do fármaco foi realizado no país. As drogas serão produzidas na nova fábrica instalada no complexo industrial da EMS em Hortolândia, no interior paulista.
Lotes num projeto piloto já estão sendo manufaturados e a expectativa é que o laboratório abasteça não só o mercado interno mas também o internacional. O grupo espera arrecadar, em oito anos, cerca de 4 bilhões de reais com a iniciativa.
Os produtos à base de liraglutida imitam no organismo um hormônio intestinal que amplia a sensação de saciedade e melhora o controle do açúcar no sangue, podendo atuar no tratamento da obesidade e do diabetes sob indicação médica.
Espera-se que, com a chegada dos novos medicamentos em 2025, os preços da categoria se tornem mais competitivos e acessíveis. Os lançamentos estarão disponíveis em farmácias de todo o Brasil ao longo do próximo ano, de acordo com o fabricante.
O produto original
A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, responsável pela molécula pioneira de liraglutida e pela semaglutida, se posicionou, em nota a VEJA, esclarecendo que, embora a patente do Saxenda (3 mg de liraglutida a dose) tenha expirado neste ano, as patentes das canetas injetáveis se mantêm válidas até 2029.
Reforça, ainda, que, com mais de dez anos de mercado, o medicamento foi acompanhado em estudos clínicos robustos, testado quanto à segurança e à eficácia e é usado por milhões de pessoas mundo afora.
O laboratório também pontua que deixará de produzir e comercializar o Victoza (liraglutida a 1,8 mg), voltado ao diabetes tipo 2, em 2025.
No mais, a Novo Nordisk ressalta que as novas medicações à base de liraglutida que devem chegar aos pacientes brasileiros não pertencem à mesma classe terapêutica da semaglutida, um análogo de GLP-1 de ação semanal destinado ao tratamento do diabetes e da obesidade.