Elon Musk aproveita caso de Bronny James e reforça fake news contra vacina
Empresário usou situação do filho de LeBron James para questionar a segurança dos imunizantes contra a Covid-19, associando-os à miocardite
Elon Musk, proprietário do Twitter, usou a rede social para reforçar a crença infundada de que as vacinas contra a Covid-19 estão levando a um aumento de problemas cardíacos, especialmente em jovens atletas. Aproveitando a situação de Bronny James – filho da lenda do basquete LeBron James, que sofreu uma parada cardíaca na última segunda-feira 24, enquanto praticava o esporte – o empresário questionou os imunizantes, em uma já conhecida estratégia usada pelos antivax na disseminação de fake news: colocar dúvida na cabeça das pessoas sobre a segurança das vacinas.
“Não podemos atribuir tudo à vacina da Covid, da mesma forma que não podemos atribuir nada”, escreveu na rede social, acrescentando que “a miocardite é um efeito colateral conhecido”, em resposta a um post detalhando sobre a internação de James no hospital.
“É mais uma reedição dessa fake news de que a vacina causa eventos cardíacos, morte súbita, infartos, AVCs. Esses eventos sempre existiram, inclusive entre jovens atletas, mas não tem nada a ver com a vacina”, diz Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Atribuir isso às vacinas é um grande equívoco”, completa.
Musk lançou a dúvida sem nenhuma evidência científica. “Criar a falsa dúvida é uma das grandes estratégias desse grupo antivacinista, sempre com o mesmo discurso: ‘não estou dizendo que é, estou dizendo que pode ser’. Mas é o suficiente para trazer muita hesitação entre a população”, explica o infectologista.
Não é de hoje que as vacinas da Covid-19 são associadas a casos de miocardite. No entanto, vários estudos mostram que os imunizantes não levam a um risco maior de parada cardíaca e que a miocardite é mais comum e grave após infecções pelo coronavírus e não após tomar a vacina. “É criminosa essa associação”, afirma Kfouri.
Também há evidências de que as paradas cardíacas são mais comuns em atletas do que na população em geral, que os jovens são mais propensos, e que os jogadores afro-americanos correm um risco maior.