Terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a combater insônia
Estudo indica que tratamento reduz o tempo que o indivíduo demora para dormir e a quantidade de vezes que ele acorda a noite
Muitas pessoas diagnosticadas com insônia crônica realizam tratamento medicamentoso para superar o problema. No entanto, o uso prolongado de remédios para dormir não é recomendado, pois eles apresentam efeitos colaterais, incluindo dependência. De acordo com um novo estudo, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode ser uma solução tão eficaz quanto e sem efeitos adversos.
A revisão de estudos, publicada recentemente no periódico British Journal of General Practice, indica que quatro a oito sessões de terapia são o bastante para reduzir em até 30 minutos o tempo que o indivíduo leva para dormir e diminuir a quantidade de vezes que ele acorda durante a noite. Os resultados podem durar por meses. Isso acontece porque a TCC consiste na identificação de padrões comportamentais que podem provocar a insônia, auxiliando o paciente a alterá-los de modo que não mais interfiram na rotina de sono.
“Os comprimidos para dormir podem parecer uma opção de tratamento óbvia, mas geralmente não são eficazes por mais de alguns dias, e os médicos só os usam como último recurso. A TCC adaptada para insônia tem sido uma opção de tratamento de primeira linha há algum tempo e muitos pacientes a consideram benéfica”, comentou Helen Stokes-Lampard, da Faculdade Real de Médicos Gerais, no Reino Unido, ao Daily Mail.
Entre as mudanças de comportamento sugeridas pela terapia voltada à insônia estão: evitar o consumo de cafeína, não cochilar durante o dia, só ir para a cama na hora de dormir e sair dela caso não consiga cair no sono após 20 minutos deitado. Além disso, os pacientes são aconselhados a manter um diário, pois as informações contidas nele podem revelar a causa da insônia.
Segundo a equipe, esse tipo de terapia deve ser sugerida pelos médicos — que estão aptos até mesmo a oferecê-la em consultório. Outros profissionais de saúde, como enfermeiros, e serviços de atenção primária também estariam habilitados para realizá-la.
O estudo
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores da Universidade Queen, no Canadá, analisaram 13 estudos envolvendo entre 66 e 201 participantes, de idades variadas. A análise mostrou que a terapia cognitivo-comportamental é mais eficiente que o tratamento medicamentoso no combate à insônia crônica.
Os resultados indicam que os participantes levaram de 9 a 30 minutos a menos para dormir e tiveram uma redução na quantidade de vezes que acordaram no meio da noite. “Há um tratamento muito eficaz que não envolve medicação. Ele deve estar disponível nos serviços de atenção primária”, disse Judith Davidson, co-autora da pesquisa, ao The Guardian.
Insônia
A insônia é um transtorno causado por diversos motivos, incluindo ansiedade, problemas físicos e fatores ambientais. De acordo com especialistas, quando de caráter crônico, ela se manifesta pelo menos três vezes por semana ao longo de três meses seguidos. Estima-se que 10% a 15% das pessoas no mundo tenham essa variante.
O problema também pode se manifestar de forma aguda, sendo causada por stress, distração na hora de dormir (como o uso de dispositivos eletrônicos), gastrite, consumo de cafeína e álcool. A principal causa desta manifestação são conflitos emocionais passageiros ou de longa duração.
Especialistas ainda destacam que a insônia pode desencadear outros problemas de saúde, como depressão e dificuldade de concentração, o que pode resultar em acidentes.