‘Drogas digitais’ ameaçam saúde de crianças adolescentes
Sociedade Brasileira de Pediatria emitiu alerta para os pais sobre as chamadas 'drogas auditivas'
Não é novidade que é parte da natureza dos adolescentes buscar testar seus limites e transgredir convenções sociais. E a tecnologia e as redes sociais vêm dando novos contornos às possibilidades de como tornar-se um “descolado” (entre muitas aspas) de primeira categoria.
As “drogas digitais” são a nova moda estimulada no Tiktok. Produzidas no iDoser, programa de computador que fabrica doses de ondas sonoras supostamente capazes de interferir nas ondas cerebrais do usuário, elas prometem efeitos psicodélicos típicos dos alucinógenos tradicionais. O adolescente é, então, levado a escutar os áudios em fones de ouvido, e em cada lado do fone são tocados sons de frequências ligeiramente diferentes para obterem o efeito (ou placebo) desejado.
De acordo com estudo internacional publicado no periódico Drug And Alcohol Reviwew, 5% da população já utilizou esse tipo de tecnologia. O Brasil, junto com os Estados Unidos, México, Polônia, Romênia e Reino Unido, está entre os que mais já fizeram uso do “alucinógeno”.
As “drogas sonoras” são, claro, mais um exemplo de fake news do mundo virtual. No entanto, elas realmente podem ser prejudiciais aos jovens. Preocupada com isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), emitiu um comunicado alertando para os perigos da nova tendência. Em último grau, a tentativa de perder a sobriedade pode levar à surdez, diz o aviso.
“Para quem está em fase de desenvolvimento, sons de frequência acima de 70 decibéis podem ser prejudiciais e danosos porque causam trauma acústico”, explica a VEJA a dra. Evelyn Eisenstein, coordenadora do Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital da SBP.
Para evitar os efeitos negativos dessas “drogas”, a recomendação principal é que os pais estejam atentos ao conteúdo que os filhos consomem em seus smartphones e computadores. “Os adolescentes são curiosos, impulsivos e querem testar seus limites. Eles ainda não têm total compreensão de seus limites corporais, e não sabem até onde podem ir”, observa Eisenstein.