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Dengue: Ministério da Saúde intensifica ações em 7 estados; SP lidera em casos

Medidas serão direcionadas para 80 municípios com o objetivo de evitar casos graves e mortes pela doença causada pelo 'Aedes aegypti'

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 abr 2025, 18h05 - Publicado em 8 abr 2025, 16h30

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira 8 que vai intensificar as ações para evitar casos graves e mortes por dengue em 80 municípios dos sete estados mais afetados pela doença causada pelo mosquito Aedes aegypti. A iniciativa prevê mobilização da Força Nacional do SUS para atuar na oferta de 150 centros de hidratação com 100 leitos cada, busca ativa de adolescentes que ainda não se vacinaram ou deixaram de tomar a segunda dose, ampliação de oferta de imunizantes para cidades com alta de infecções e qualificação de 1.000 profissionais. O estado de São Paulo, onde foi confirmada a circulação do sorotipo 4 da doença, é o que concentra mais municípios com o vírus em alta e que serão alvo da mobilização, totalizando 55.

O tema da ação apresentada pelo ministério é “Se pode ser dengue, pode ser grave”, considerando que a infecção pode ser fatal caso o paciente não busque ajuda especializada e se o protocolo de manejo da doença, que não tem um tratamento específico, não for adotado.

“O centro de hidratação precisa funcionar 24 horas. Em toda doença, os médicos explicam que o paciente precisa tomar líquido, mas, na dengue, a hidratação é a diferença entre a vida e a morte”, explica Mariângela Simão, Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente.

Segundo Mariângela, o país registra uma redução de 75% nos casos de dengue no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado e as mortes caíram 83%. Neste ano, os episódios da doença e os óbitos se concentram nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, somando 73% e 86%, respectivamente. São Paulo lidera em número de casos prováveis (521.878) e mortes (397).

A secretária explicou, em coletiva, que 22% dos casos são do sorotipo 3, que não circulava no país há mais de 15 anos. O sorotipo predominante é o 2, ligado ao surto ocorrido no ano passado, totalizando 72,2% dos registros. “São Paulo identificou a circulação do sorotipo 4 e vamos investigar o que isso significa. Foram quatro casos confirmados, dos quais três tiveram confirmação por sequenciamento genômico”, completa.

Ampliação da vacinação

Os 80 municípios que serão alvo da mobilização estão nos estados de São Paulo (55 municípios), Paraná (14), Bahia (3), Pará (3), Goiás (2), Acre (2) e Rio Grande do Norte (1). Minas Gerais não entrou na lista porque a escolha das localidades considerou a ocorrência de mais de 50 casos por 100.000 habitantes e cidades com mais de 80.000 habitantes, critérios que indicam possibilidade maior de sobrecarga no sistema de saúde.

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O mapeamento considerou os dados epidemiológicos e a avaliação de especialistas. “Esse governo valoriza a ciência e o enfrentamento de qualquer situação de saúde, especialmente situações que se configuram como surto, epidemia e endemias. Não vamos negar a ciência e não vamos dar nenhum passo sem ouvir a ciência”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Com a ação, 16 novos municípios vão entrar para a lista dos que vão receber doses da vacina Qdenga, do laboratório Takeda, para a imunização da população de 10 a 14 anos, público-alvo da campanha.

Cuidado com focos e atenção aos sintomas

Além do reforço para o atendimento dos pacientes, que inclui atualização das Diretrizes Nacionais para a Prevenção e o Controle das Arboviroses Urbanas, será necessário contar com o apoio da população no combate aos criadouros do mosquito da dengue.

“Sabemos que 80% dos focos estão nos domicílios, então, temos de alertar a população sobre a importância de tirar dez minutos para a eliminação dos focos de dengue”, afirma Hisham Mohamad Hamida, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

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Também é fundamental buscar atendimento médico em caso de suspeita de infecção pela doença e não se automedicar.

Sintomas mais comuns de dengue:

  • Febre alta;
  • Dor de cabeça e/ou atrás dos olhos;
  • Enjoo;
  • Moleza;
  • Dor nas articulações;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Sinais de alerta para dengue grave:

  • Dor na barriga intensa;
  • Vômitos frequentes;
  • Tontura ou sensação de desmaio;
  • Dificuldade de respirar;
  • Sangramento no nariz, gengivas e fezes;
  • Cansaço e/ou irritabilidade.

Surto de dengue no Brasil

Desde o fim de 2023, os casos de dengue começaram a aumentar e, no ano passado, o Brasil registrou o maior número de episódios da doença da série histórica iniciada no ano 2000. Foram 6,6 milhões de casos prováveis e 6.103 mortes.

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Há uma preocupação com a continuidade do surto por causa do retorno da circulação do sorotipo 3 da doença após 17 anos. que pode desencadear infecções entre pessoas que nunca foram infectadas por ele. Entre outros motivos, como as mudanças climáticas, a presença do sorotipo 2 foi apontada como responsável pela explosão de casos em 2024, tendo em vista que a população vulnerável era expressiva.

Vacina do Butantan

A expectativa para o controle da dengue está na candidata à vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan. Em janeiro, o órgão entrou com pedido de registro e aguarda o parecer da agência. Se ocorrer a aprovação, a instituição já poderá fazer a entrega de 1 milhão de doses da Butantan-DV em 2025 e outras 100 milhões estarão disponíveis para o Ministério da Saúde nos anos de 2026 e 2027.

O imunizante contra a dengue sob análise para aprovação é fruto de uma parceria com os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que compartilhou as quatro cepas virais do imunizante e conduziu a fase 1 dos testes com humanos entre 2010 e 2012. A fase 2 ocorreu no Brasil entre 2013 e 2015. O Butantan coordenou os testes de fase 3, com 16.235 participantes, que serão avaliados pelo instituto até que todos completem cinco anos de acompanhamento desde a entrada no ensaio.

Ele é feito com os quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em sua forma atenuada. Dessa forma, estimula a produção de anticorpos pelo indivíduo sem causar a doença. Os testes foram realizados com uma população de 2 a 59 anos formada por pessoas que já foram infectadas e também por quem ainda não teve contato com o vírus. É para esse grupo que a vacina será indicada.

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Em testes da fase 3, a Butantan-DV demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir episódios de dengue sintomática, resultado que foi publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine. Outro ensaio, também de fase 3 e publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, apontou que a vacina tem capacidade de proteção de 89% contra episódios graves e com sinais de alarme da doença, além de eficácia e segurança contra o vírus por um período de cinco anos.

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