Covid-19: os internados em UTI agora morrem mais rápido em SP
Entre os motivos apontados em estudo, estão a nova variante do vírus e a dificuldade de acesso aos leitos

O tempo médio para a morte de pacientes internados em UTI no sistema público no estado de São Paulo caiu de 14,1 para 10,7 dias no último trimestre, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde e do Centro de Contingência do Coronavírus.
Um fator que pode ter agravado o cenário de acordo com a pesquisa foi a chegada da variante brasileira P1. “Ela parece ser mais transmissível e possivelmente mais agressiva”, diz o infectologista Carlos Magno Fortaleza, integrante do Centro de Contingência. “O quadro pode estar também associado à demora no acesso à terapia intensiva, causada pelo aumento no número de casos graves.”
Antes do cenário dramático, a letalidade havia sido progressivamente reduzida no estado. Entre os 51,9 mil pacientes que tiveram alta de UTI, a permanência média no leito caiu 37% na comparação entre o segundo trimestre de 2020 e o início deste ano. Mas nos últimos meses a situação voltou a dar sinais de piora. O tempo médio de internação de homens e mulheres que morreram em UTIs do SUS, caiu 24,1%. O estudo avaliou 41,1 mil óbitos ocorridos desde o início da pandemia.
Com a ativação de mil leitos prevista para este mês e os doze novos hospitais de campanha, o número de vagas de UTI saltará para mais de 9,2 mil em abril na rede pública de saúde — 162% a mais que a disponibilidade pré-pandemia. A saúde pública do estado depende do aporte do governo federal, que não tem sido realizado a contento. O estudo mostra que o repasse neste ano foi de 20% dos recursos necessários para custear leitos em São Paulo neste ano.