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Coronavírus sofreu mutação e se tornou mais agressivo, diz estudo chinês

Pesquisadores chineses encontraram duas cepas diferentes de coronavírus, uma branda e outra mais agressiva. Ambas estão associadas ao surto atual

Por Da redação
6 mar 2020, 14h17

O novo coronavírus, que já infectou quase 100 000 pessoas em 85 países, sofreu pelo menos uma mutação e se tornou mais agressivo, diz estudo realizado na China. Após analisarem amostras de 103 pacientes, pesquisadores da Universidade de Pequim e do Instituto Pasteur de Xangai encontraram duas cepas do novo coronavírus: “S” e “L”. Ambas estão associadas à epidemia atual.

A primeira (L) parece ser a cepa original, que causou os primeiros casos da doença. A segunda, teria surgido logo depois e parece ser mais agressiva. Na análise, 70% dos pacientes apresentavam a cepa “L” e apenas 30% a “S”.

Essa diferença indicaria que a cepa “L” é transmitida mais facilmente ou se replicaria mais rapidamente dentro do corpo. Entretanto, os pesquisadores ressaltam que isso é apenas uma hipótese, pois ainda não houve comparação direta para verificar se as pessoas que pegam essa versão do vírus têm maior probabilidade de transmiti-la ou sofrem sintomas mais graves.

Segundo os pesquisadores, o tipo “L” foi mais prevalente durante os estágios iniciais do surto em Wuhan, epicentro da doença, mas diminui a partir do início de janeiro. “A intervenção humana pode ter colocado uma pressão seletiva mais severa sobre o tipo L, que pode ser mais agressiva e se espalhar mais rapidamente. Por outro lado, o tipo S, que é evolutivamente mais antiga e menos agressiva, pode ter aumentado em frequência devido à pressão seletiva relativamente mais fraca ”, escreveram os pesquisadores.

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Apesar do resultado, Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que “não há evidências de que o vírus esteja mudando”. Os autores alertam que esse é um estudo preliminar, feito com dados “muito limitados” e afirmam que são necessários estudos mais abrangentes para compreender o novo vírus.

Vacina

No momento, o maior impacto da descoberta é no desenvolvimento de uma vacina. Isso porque um imunizante eficaz contra a doença terá que atingir as duas cepas do vírus. Segundo Stephen Griffin, presidente da divisão de vírus da Sociedade de Microbiologia, em entrevista ao The Telegraph, as alterações entre as duas linhagens estão localizadas na proteína ‘spike’, que desempenha um papel chave no processo de infecção e é o alvo de vacinas.

Por outro lado, Ian Jones, da Universidade de Reading, no Reino Unido, afirma que as diferenças entre as duas linhagens são pequenas e não mudam a maneira como o vírus funciona ou os sintomas que ele causa, segundo a New Scientist. Um indício de que a mutação não seria um problema adicional ao desenvolvimento da vacina

A mutação sofrida pelo novo coronavírus não é algo inesperado. Os vírus, especialmente aqueles que são formados por RNA – como o novo coronavírus -, estão em constante mutação. De acordo Ian Jones, da Universidade de Reading, no Reino Unido, em entrevista à , quando uma pessoa é infectada, o vírus replica no trato respiratório. Durante essa replicação, ocorrem cerca de meia dúzia de mutações genéticas. Espera-se que o vírus sofra outras mutações com o passar do tempo.

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