Conheça o nível de imunidade natural contra reinfecções pós-Covid
Estudo avaliou proteção dada pelo novo coronavírus em infecções pelas variantes de preocupação alfa, beta, delta e ômicron
Enquanto a vacina contra a Covid-19 não surgia e ao longo da imunização em larga escala da população mundial, cientistas se perguntaram se a infecção pelo novo coronavírus ofereceria algum tipo de proteção contra as variantes de preocupação, se impediria reinfecções ou se evitaria quadros graves da doença. Mesmo cientes de que as vacinas são a melhor forma de proteger contra as complicações, eles continuaram investigando. Agora, um robusto estudo publicado no periódico The Lancet apontou que a imunidade natural era alta durante a circulação das variantes alfa, beta e delta, mas apresentou queda relevante após a ascensão da variante de preocupação ômicron e suas sublinhagens, que dominam o mundo atualmente.
Os pesquisadores fizeram uma metanálise e separaram 65 estudos de 19 países sobre o tema e constataram que uma infecção prévia oferecia imunidade de 82% contra as variantes pré-ômicron. No caso da sublinhagem BA.1 da ômicron, a proteção contra reinfecção despenca para 45,3%.
A imunidade em longo prazo também diminuiu. Em 40 semanas, a proteção natural era de 78,6% para as variantes alfa, beta e delta. Para ômicron, foi de 36,1%.
“A proteção foi substancialmente menor para a variante ômicron BA.1 e diminuiu mais rapidamente ao longo do tempo do que a proteção contra variantes anteriores”, disseram os cientistas na publicação.
Segundo os pesquisadores, os achados podem contribuir para o estabelecimento de estratégias para a vacinação da população, a partir da observação dos níveis de proteção dados pela vacina e por infecções prévias, tendo em vista que muitas pessoas acabaram infectadas ao longo da pandemia.
“A imunidade conferida pela infecção passada deve ser ponderada juntamente com a proteção contra a vacinação, fornecendo orientação sobre quando os indivíduos devem ser vacinados e projetando políticas que obriguem a vacinação para trabalhadores ou restrinjam o acesso, com base no estado imunológico , para ambientes onde o risco de transmissão é alto, como viagens e ambientes internos de alta ocupação”, concluíram.