Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Câncer de pulmão: Brasil é pioneiro em aprovar nova indicação de terapia

A Anvisa aprovou o osimernitibe como primeira linha de tratamento contra câncer de pulmão avançado. O medicamento já era usado como segunda linha

Por Letícia Passos
20 abr 2018, 19h32

Em decisão pioneira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta semana a indicação do osimernitibe para primeira linha de tratamento contra câncer de pulmão. O medicamento, conhecido pelo nome comercial Tagrisso, já estava aprovado e disponível no país desde 2017 como segunda linha de tratamento, ou seja, em pacientes que não respondiam bem ao medicamento inicial. Com a nova determinação, ele poderá ser usado como a primeira terapia utilizada no combate ao câncer de pulmão de não-pequenas células, localmente avançado.

A Anvisa é a primeira agência no mundo a aprovar esta indicação. Para Carlos Gil, oncologista clínico e especialista em câncer de pulmão, isso demonstra o amadurecimento da agência que, percebendo os resultados positivos nos estudos realizados com o Tagrisso para tratamentos de primeira linha, resolveu legitimar seu uso nessa categoria.

“A surpresa foi o Brasil ter sido o pioneiro nessa indicação, já que, na última década, os pacientes têm passado um problema grave pela demora na aprovação de novos terapias para o tratamento de câncer no país”, diz Gil. O tratamento já é utilizado em outros países, como Estados Unidos, que devem indicá-lo para a primeira linha na semana que vem, e países da Europa, que devem definir a nova indicação nos próximos meses.  

Câncer de pulmão

O câncer de pulmão é a forma mais comum de câncer, sendo a principal causa de mortes entre homens e a segunda entre mulheres, totalizando cerca de 1,59 milhões de morte por ano no mundo. Ele é dividido em duas categorias, de acordo com o tipo de tumor: não-pequenas células (NSCLC, na sigla em inglês) e pequenas células (SCLC, na sigla em inglês). 

  • Não-pequenas células: Representa 80 a 85% de todos os casos de câncer de pulmão e se origina nas células maiores no pulmão, como células epiteliais, que alinham as vias aéreas do pulmão ou células produtoras de muco. 
  • Pequenas células: Os tumores são menos comuns e são originários de pequenas células que liberam hormônio. O SCLC geralmente cresce mais rápido e se espalha mais rapidamente para outras partes do corpo. Essa categoria de câncer de pulmão está diretamente associada ao fumo. 

Mecanismo de ação do medicamento
Continua após a publicidade

O osimernitibe é classificado como uma terapia-alvo. Ou seja, específico para uma célula maligna. Entretanto, medicamentos dessa classe tendem a parar de fazer efeito quando o tumor sofre uma nova mutação. No entanto, o Tagrisso é o primeiro de uma nova geração de terapia-alvo voltado para a inibição específica da mutação secundária decorrente da primeira etapa da terapia.

“Por ser tão específico, essa droga tem efetividade muito alta e perfil muito baixo de efeitos colaterais, porque a direção é específica para a mutação. Os pacientes que tratamos tem tolerância muito alta ao Tagrisso”, explica Gil. Entre os efeitos colaterais estão: alteração cutânea e diarreia.

O medicamento, que é de uso oral, é recomendado apenas para pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células, localmente avançado, ou seja, em estágio IV, quando o câncer já se espalhou para fora do pulmão (possivelmente para o outro pulmão, corrente sanguínea ou o fluido que envolve coração ou pulmão). Segundo o oncologista, 80% dos pacientes em tratamentos de primeira linha (com mutação) vão usufruir dos benefícios do Tagrisso, como redução ou estabilização do tumor. Nas quimioterapias tradicionais, a taxa é de 30% a 35%.

Continua após a publicidade

Aprovação inédita contra mieloma múltiplo

Em outra decisão inédita, recentemente a Anvisa aprovou um novo tratamento para o mieloma múltiplo, câncer formado por células plasmáticas (do sangue) malignas. O daratumumabe é um imuno-oncológico da Janssen, indicado para o tratamento de primeira linha em pacientes que não podem ser submetidos ao transplante autólogo (técnica que usa as células tronco do próprio paciente para tratá-lo). 

Com a aprovação, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer um tratamento capaz de reduzir em 50% o risco de progressão e morte por causa da doença.

De acordo com o Instituto Oncoguia, a incidência do mieloma múltiplo no Brasil ainda é desconhecida, principalmente porque não faz parte das estimativas anuais do Instituto Nacional de Câncer (INCA). No entanto, especialistas estimam que a a doença atinja quatro a cada 100.000 brasileiros, representando cerca de 7.600 novos casos por ano.

Segundo Breno Moreno, hematologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, quase 30% dos pacientes com mieloma múltiplo não elegíveis para o transplante poderiam ser beneficiados pelo novo tratamento.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.