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Britânico perde partes do corpo após ser lambido por seu cão

Duas semanas depois de ser infectado por uma bactéria presente na saliva de seu cão, Jaco Nel teve septicemia e ficou em coma por 5 dias

Por Da Redação
24 abr 2018, 17h57

Ter um bichinho de estimação é um prazer para muitas pessoas, no entanto, eles podem ser hospedeiros de bactérias causadoras de doenças perigosas aos humanos. O britânico Jaco Nel, por exemplo, contraiu uma infecção após ser lambido por seu cachorro que causou a perda de suas duas pernas (abaixo do joelho), de todos os dedos de uma mão, além de ter o nariz e os lábios desfigurados, segundo informações da rede britânica BBC.

Jaco desenvolveu um problema chamado septicemia, uma reação exacerbada do sistema imunológico diante de um processo infeccioso, causado por uma bactéria presente na saliva de seu cachorro. Harvey, um cocker spanel, arranhou Jaco sem querer e, em seguida, lambeu a ferida. Apesar do dono ter desinfectado o pequeno arranhão, a medida não foi suficiente para impedir que a infecção se instalasse e se espalhasse.

Septicemia

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a septicemia atinge cerca de 20 milhões de pessoas por ano e é uma das infecções que mais matam no mundo inteiro. Inicialmente, o problema é leve e pode ser manifestar em qualquer parte do corpo, desde um corte no dedo até uma infecção urinária.

No entanto, se não for tratado a tempo, a infecção pode causar lesões nos tecidos, falência generalizada de órgãos e mesmo a morte. A comunidade médica ainda não sabe exatamente o que causa a doença, que mata cerca de 8 milhões de pessoas no mundo.

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Os sintomas da septicemia, também conhecida como ‘assassina silenciosa’, variam muito e podem ser confundidos com gripe ou outras infecções. De acordo com a ONG britânica UK Sepsis Trust, os seis sinais de alarme mais comuns são: problemas graves para respirar, calafrios ou dor muscular, ausência de urina, dificuldades para falar ou confusão, sensação de que “vai morrer” e manchas ou descoloração da pele.

O caso de Jaco Nel

Duas semanas depois de ter sido arranhado, lambido e infectado pela bactéria, o britânico Jaco Nel começou a sentir os primeiros sinais da doença, que, a princípio, confundiu com uma gripe. Por causa disso, ao invés de procurar auxílio médico, ele optou apenas por um pequeno período de repouso, acreditando que fosse suficiente para aliviar os sintomas.

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Entretanto, a situação só piorou. “Eu devo ter ficado muito doente, porque me sentia confuso e desorientado. Nem escutei o telefone quando os colegas de trabalho me ligaram para saber por que não fui. No fim do dia, minha mulher veio para casa e me encontrou em um estado terrível. Mas os serviços de emergência logo se deram conta de que eram sintomas de septicemia e começaram a me tratar com urgência assim que chegaram a minha casa”, disse Nel ao programa Victoria Derbyshire da BBC.

Felizmente, o serviço de emergência foi rápido em diagnosticar o problema. O britânico recebeu o atendimento inicial em casa, com fluídos via intravenosa, e a caminho do hospital, ele recebeu antibióticos. Entretanto, apesar dos esforços dos socorristas, ao chegar ao hospital, Nel sofreu um choque séptico, que o deixou em coma por cinco dias.

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Durante o tempo em que esteve inconsciente, algumas parte de seu corpo começaram a entrar em processo de necrose por causa dos danos causados pela coagulação anormal do sangue provocados pelo choque séptico. “Eu soube quase desde o princípio que acabaria perdendo as pernas e os dedos, mas não tinha certeza do que aconteceria com meu rosto. No final, perdi a ponta do nariz e meus lábios têm cicatrizes”, contou.

No período em que ficou hospitalizado, ele perdeu as duas pernas, todos os dedos de uma mão, e teve o nariz e os lábios desfigurados, causando dificuldade para falar e comer. Além disso, seus rins também falharam, e Nel teve que fazer hemodiálise durante dois meses.

Segundo estudos feitos sobre a septicemia, 80% dos casos podem ser tratados com sucesso se a infecção for diagnosticada precocemente (preferencialmente na primeira hora). Quando isso não acontece, o risco de morte aumenta a cada hora.

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Superando as limitações

Ao relembrar sua história, o britânico afirma que não havia nada que pudesse ter feito para evitar o que aconteceu. Quando seu cachorro o arranhou e lambeu a ferida, ele tomou as medidas que achou necessárias ao desinfectar a área.

Além disso, ele não foi capaz de notar a manifestação da doença através dos sintomas; e não havia realmente como saber. “Eu sempre fui uma pessoa determinada, e nada me detém. Mas me senti profundamente deprimido, sentir muita raiva e, em alguns momentos, pensei que não iria suportar”, confessou ele.

Segundo Nel, o apoio contínuo de amigos, familiares e colegas de trabalho foram a chave para seguir em frente. Além disso, quando percebeu que as novas limitações não o impediam de voltar a sua rotina, os pensamentos depressivos começaram a ir embora.

Ele iniciou a reabilitação para voltar a caminhar pouco depois da amputação das pernas. Após três meses, o britânico já conseguia andar sem ajuda e voltou para casa. Para se locomover pela cidade, Nel dirige um carro adaptado e, até pouco tempo, usava uma prótese no nariz para disfarçar a desfiguração de sua face, mas recentemente deixou de usá-la, pois a considerava “uma máscara” que escondia sua história.

Infelizmente, a decisão mais difícil para Nel for ter que sacrificar sua mascote Harvey para impedir que outra pessoa fosse infectada pelo animal, que tinha uma infecção incurável.

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