Brasileiros criam teste que detecta anticorpos contra Covid em 5 minutos
Trata-se de um dispositivo que aponta o grau de resposta tanto à infecção pelo coronavírus quanto às vacinas
Testes rápidos, baratos e precisos continuam sendo essenciais para os serviços de saúde monitorarem e impedirem a disseminação da Covid-19, que passa por uma alta de casos. Nesse sentido, cientistas brasileiros acabam de anunciar uma contribuição: um dispositivo que detecta em cinco minutos anticorpos contra o vírus produzidos em resposta tanto à infecção pelo agente infeccioso quanto à vacinação.
A inovação é descrita em um artigo publicado recentemente na revista ACS Biomaterials Science and Engineering. O grupo optou por um material muito utilizado na metalurgia, o óxido de zinco, e o combinou pela primeira vez com o vidro de óxido de estanho dopado com flúor, material condutor usado em eletrodos para energia fotovoltaica
“Com essa combinação inusitada e a adição da proteína spike, desenvolvemos uma superfície capaz de detectar anticorpos contra o novo coronavírus. O resultado é apresentado como um sinal eletroquímico captado por essa superfície”, disse o químico Wendel Alves, autor do artigo e professor do Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC.
Detectar a resposta à vacinação é importante para ajudar as autoridades de saúde pública a avaliarem a eficácia de diferentes vacinas e de campanhas ou programas de imunização.
O eletrodo fabricado pelos pesquisadores detectou anticorpos da Covid-19 no soro em cerca de cinco minutos com 88,7% de sensibilidade e 100% de especificidade, superando até mesmo o teste de ensaio imunoenzimático (ELISA), a atual ferramenta de diagnóstico clínico padrão-ouro.
O imunossensor é fácil de fabricar e usar, e seu custo de produção é relativamente baixo. “O grupo conseguiu desenvolver o dispositivo graças ao seu forte conhecimento de novos materiais”, disse Alves. Os pesquisadores agora adaptarão a plataforma para torná-la portátil e conectável a dispositivos móveis para uso no diagnóstico de COVID-19 e outras doenças infecciosas.
O dispositivo foi validado para detectar a imunidade induzida pela CoronaVac, mas o grupo planeja estender seu uso para testar a resposta às vacinas da Pfizer e da AstraZeneca. E, justamente, uma das vantagens desse novo dispositivo é sua arquitetura flexível, explica os pesquisadores, o que significa que ele pode ser facilmente personalizado para outras aplicações de diagnósticos.