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Brasil registrará mais de 70 mil casos de câncer de próstata por ano

Estimativa do INCA para o triênio 2023-25 preocupa, mas homens continuam despreocupados com a saúde

Por Diego Alejandro
1 nov 2023, 14h09

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou a estimativa de novos casos de câncer de próstata para o triênio 2023/2025: 71.740 novos casos a cada ano no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Um aumento de 8,5% em relação a estimativa anterior, que era de 65.840 casos.

No recorte por região, a prevalência do câncer de próstata apresenta o seguinte cenário: região Sudeste (77,89/100mil); Nordeste (73,28/100 mil); Centro-Oeste (61,60/100 mil); Sul (57,23/100 mil); e Norte (28,40/100 mil), em ordem decrescente.

Em todo o mundo são registrados mais de 1,4 milhão de novos diagnósticos anuais de câncer de próstata, de acordo com o levantamento Globocan, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, Brasil é o quarto país que concentra mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão. A doença é responsável por 375 mil mortes anuais no mundo.

Hábitos Saudáveis

A atualização do INCA reforça ainda mais a necessidade de conscientizar o público masculino sobre a importância de adotar hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, alimentação equilibrada, com pouca ou nenhuma ingestão de gorduras, além de não fumar, medidas que diminuem o risco de desenvolver a doença.

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), porém, mostra que a percepção do homem sobre sua saúde é bem diferente.  Entre os problemas de saúde mais apontados pelos homens com mais de 40 anos estão o sedentarismo (26%), seguido pela pressão alta (24%), e a obesidade (12%). Apenas 35% responderam não ter nenhum problema de saúde. Entre os homens 60+ o sedentarismo teve menor escolha, 18%; o problema mais citado foi a pressão alta, com 40%.

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Diagnóstico precoce

Além de manter hábitos saudáveis, é muito importante a consulta anual ao urologista, atitude essencial para diagnosticar um eventual câncer ainda em fase inicial quando as chances de cura são maiores. “Parar de fumar, ter uma alimentação saudável, fazer atividade física regular e evitar a obesidade trazem muitos benefícios. Visitas regulares ao médico devem ser feitas, mesmo que não haja sintomas, porque o diagnóstico e tratamento precoces ajudam a controlar as doenças e evitam suas complicações”, ressalta Dr. Alfredo Canalini, presidente da SBU. 

Contudo, ainda segundo a pesquisa, apenas 32% dos homens acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a sua própria saúde e 46% deles só vão ao médico quando sentem algo. Esse número aumenta para 58% se o paciente utiliza apenas o Sistema Único de Saúde (SUS). A maior proporção dos homens que só vai ao médico ao sentir algum sintoma está no grupo entre 40/44 anos (49%). Já o que mostrou ter maior cuidado com a saúde é o grupo 60+, com 78% respondentes afirmando fazerem exames a cada seis meses ou um ano. 

Apesar da aparente desatenção, metade deles tem medo ou ansiedade quando pensam em sua saúde. O levantamento viabilizado pelo Laboratório Adium, foi realizado com homens acima de 40 anos e representantes de todas as regiões do país, via aplicativo mobile pelo Instituto de Pesquisa IDEIA.

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“Para o diagnóstico de câncer de próstata, são importantes o exame de sangue que avalia a proteína produzida pelo tecido prostático (PSA) e o exame de toque retal, que propicia descobrir a doença em fase mais inicial”, explica Luana Gomes, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e uro-oncologista do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia.

A confirmação diagnóstica se dá por biópsia. A recomendação da SBCO para rastreamento de câncer de próstata é que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado para avaliação individualizada. Homens negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem iniciar o acompanhamento médico aos 45 anos.

Tratamento

O tratamento do câncer de próstata varia de acordo com a localização e o estágio da doença. Nem sempre a cirurgia é necessária. Quando a doença é localizada — ou seja, só atingiu a próstata e não se espalhou para outros órgãos —, costuma-se fazer cirurgia e/ou radioterapia. Em alguns desses casos, pode ser proposta a observação vigilante no tumor (vigilância ativa).

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Para a doença localmente avançada, o indicado é combinar radioterapia ou cirurgia com tratamento hormonal. Já nos casos de metástase (quando o tumor se espalha para outras partes do corpo), é mais indicada a terapia hormonal. “A escolha do tratamento deve ser individualizada, de acordo com a avaliação médica. O cirurgião oncológico é um dos profissionais habilitados para o planejamento terapêutico e cirúrgico do câncer de próstata”, diz o cirurgião oncológico Héber Salvador, presidente da SBCO e titular do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

Mutirão na Bahia

Entre as ações programadas para este ano, a SBU realiza na semana do 39º Congresso Brasileiro de Urologia (CBU), que acontece em Salvador, um mutirão solidário de atendimentos e cirurgias no Hospital Roberto Santos, o maior hospital público da Bahia, onde está localizado o Hospital do Homem, na capital baiana. A ação, em parceria com o governo da Bahia, foi batizada de Urologista Cidadão e vai reunir entre 50 e 100 especialistas, nos dias 13 e 14 de novembro, para realizar 1.500 atendimentos e mais de 100 procedimentos.

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