Autismo: intervenção precoce é fundamental
Com elas, pesquisadores descobriram que há ganhos nas áreas de comunicação, interações sociais, comportamentos e habilidades adaptativas
Nos últimos anos, o número de diagnósticos de autismo tem crescido exponencialmente. Um estudo recente, realizado no Reino Unido, descobriu que houve um aumento de 787% nos casos entre 1998 e 2019. Já a Organização Mundial da Saúde estima que, globalmente, 1 em cada 100 crianças tem autismo, com a idade média global de 5 anos, embora possam ser diagnosticadas de forma confiável a partir dos 18 meses de idade.
E é justamente nesse período que os pesquisadores do Children’s Hospital of Philadelphia (CHOP), da Florida State University (FSU) e da University of California, Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, demonstraram ser fundamental para iniciar a intervenção, treinando pais de crianças autistas para conseguir melhores resultados na linguagem, comunicação social e habilidades de vida diária. As descobertas foram publicadas recentemente na revista Autism.
“Muitos de nós, na comunidade do autismo, dizem que mais cedo é melhor, mas na verdade não temos evidências suficientes para isso, então um estudo randomizado controlado como este ajuda a resolver esse problema”, disse o principal autor Whitney Guthrie, psicóloga clínica do Centro de Pesquisa sobre Autismo do CHOP.
O grupo de pesquisa usou o modelo Early Social Interaction (ESI), uma intervenção que fornece uma estrutura para apoiar o desenvolvimento da criança em comunicação social e envolvimento ativo. Também serve para os pais, que recebem educação em grupo e treinamento individualizado para incorporar estratégias baseadas em evidências às atividades cotidianas nos ambientes naturais da família.
O estudo constatou também que as crianças que receberam treinamento ESI individualizado anteriormente mostraram maiores ganhos no uso e compreensão da linguagem, uso social de habilidades de comunicação e de autoajuda. Além disso, os resultados foram específicos para o modelo de coaching parental intensivo e individualizado, em comparação com o tratamento de educação em grupo.
Pesquisas realizadas na década de 1980 descobriram que quase 50% das pessoas diagnosticadas com autismo apresentavam comunicação verbal limitada ao longo da vida. No entanto, dados recentes mostram que esse número caiu para 10% com o aumento de intervenções efetivas e precoces.
“A intenção é apoiar os pais e outros cuidadores em suas interações cotidianas, não substituir outras possíveis fontes de intervenção, incluindo programas pré-escolares e terapias diretas”, disse a professora da UCLA, Catherine Lord. Ela espera que os resultados exibidos “estimulem discussões entre as agências governamentais sobre como levar as crianças aos serviços mais rapidamente, exigindo um diagnóstico final e melhores serviços de reembolsados”.