Anvisa faz missão em hospitais atingidos por superfungo em Pernambuco
Até o momento, foram confirmados dez casos de infecção por Candida auris; microrganismo é grave ameaça a serviços de saúde e pode levar à morte

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na noite desta quinta-feira, 3, o balanço de uma missão para controle do surto do superfungo Candida Auris em hospitais de Pernambuco. Até o momento, foram confirmados dez casos de infecção pelo microrganismo, considerado uma grave ameaça à saúde global pelo potencial de causar se espalhar em ambientes hospitalares e levar à morte.
Segundo a agência, os surtos foram detectados em quatro hospitais: Hospital Miguel Arraes, Hospital Tricentenário (em Olinda), Hospital Real Português e Hospital da Restauração. “Os hospitais deverão manter a vigilância de pacientes por 6 meses para que o surto seja considerado encerrado”, informou em nota.
A Anvisa informou que, após a visita, realizada no fim do mês passado, definiu que haverá o monitoramento nacional e a criação de uma força-tarefa para acompanhar o surto vigente por seis meses a partir da contagem do último caso confirmado da infecção. Aos hospitais, foi dada a recomendação de reforçar ações de limpeza, isolamento de casos positivos e vigilância de contactantes, além de coletas em superfícies.
Em maio, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) havia confirmado três casos de infecção pelo fungo em hospitais e uma das unidades chegou a interromper os atendimentos.
O superfungo Candida auris
O primeiro caso de Candida auris foi detectado no Japão em 2009 e se espalhou por todos os continentes. No Brasil, a primeira infecção pelo fungo foi notificada em dezembro de 2020 na Bahia. O caso ocorreu com um homem então com 59 anos que estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI ).
A Candida auris difere dos demais tipos de Candida por ter alta transmissibilidade não só de pessoa para pessoa, mas do ambiente para humanos. Dessa forma, a pessoa pode se infectar após contato com itens hospitalares, como aparelhos de pressão, termômetros, estetoscópios, respiradores e aparelhos de hemodiálise.
Outra característica é a alta resistência a antifúngicos, o que atrapalha o tratamento de pessoas infectadas. Há ainda a dificuldade para diagnosticá-la pelos métodos disponíveis em laboratórios e o fato de ela poder colonizar as pessoas sem causar sintomas, facilitando a disseminação.
Em janeiro deste ano, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicaram um estudo na revista científica Frontiers in Cellular and Infection Microbiology sobre o maior surto do superfungo relatado no Brasil. Foram relatados 48 casos da doença no Recife entre novembro de 2021 e fevereiro do ano passado. Segundo os cientistas, a estimativa é de que entre 30% e 60% dos pacientes infectados acabam morrendo.