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Além do emagrecimento: quais os outros benefícios – e riscos – de medicamentos como Ozempic?

Pesquisa investigou impacto dos agonistas de GLP-1 em 175 parâmetros de saúde

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 jan 2025, 14h00

Desde que o Ozempic foi aprovado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2017, ele e todos os medicamentos similares, conhecidos tecnicamente como agonistas do receptor GLP-1, geraram uma verdadeira revolução: não só passaram a ser uma ótima ferramenta para pessoas com diabetes, como ganharam popularidade como uma das estratégias mais efetivas de emagrecimento. Só agora, contudo, pesquisadores conseguiram analisar seus efeitos em outros aspectos da saúde. 

Publicado na Nature Medicine, nesta segunda-feira, 20, a pesquisa investigou um grupo de mais de 2,4 milhões de indivíduos para entender as consequências do uso dos agonistas do receptor GLP-1 em 175 parâmetros diferentes. “Vimos um aumento vertiginoso na utilização desses medicamentos nos últimos anos, mas percebemos que não havia uma investigação abrangente sobre a eficácia e os riscos em todos os possíveis resultados de saúde”, disse a pesquisadora da Universidade de Washington e autora do estudo, Ziyad Al-Aly, em coletiva de imprensa. 

O que os pesquisadores descobriram foi que o uso do medicamento estava associado a um menor risco em 42 parâmetros de saúde diferentes, mas a um maior risco para 19 outros. Entre os benefícios, estão uma menor chance de desenvolver desordens cardiometabólicas, distúrbios no uso abusivo de substâncias e surtos psicóticos. Por outro lado, o trabalho mostrou um maior perigo de desenvolvimento de condições gastrointestinais, pressão baixa e artrite. 

Quais são os benefícios dos agonistas do receptor de GLP-1?

Medicamentos como a semaglutida e a tirzepatida, princípios ativos do Ozempic e do Mounjaro, respectivamente, agem nos receptores GLP-1 para induzir a sensação de saciedade, o que ajuda na perda de peso e no controle glicêmico. Para entender os outros efeitos, os pesquisadores compararam 215 mil usuários dessas drogas, com milhões de pessoas que usaram outros medicamentos para controle glicêmico – todos os participantes tinham diabetes. 

Estudos anteriores já haviam mostrado que esses medicamentos tinham alguns efeitos como redução do risco cardiovascular e do uso de álcool, o que foi comprovado pelo artigo. Outros efeitos, contudo, foram bastante surpreendentes. “No meu entender, a redução de infecção pulmonar e da convulsão é um dado novo e inesperado”, afirma Marcio Mancini, chefe do Grupo de Obesidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e coordenador na Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. 

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O trabalho também trouxe surpresa ao comprovar que há uma relação entre o uso dessas drogas e uma diminuição no risco de transtornos mentais, como ideação suicida, e de doenças neurodegenerativas, como demência e Alzheimer

Por enquanto, esse é apenas um trabalho associativo e, portanto, não é possível dizer com certeza se os efeitos são causados pelo medicação ou pela perda de peso. Há, no entanto, uma esperança de que essas drogas possam passar a ser receitadas para outras condições no futuro. “É possível que as indicações dos análogos de GLP1 sejam ampliadas, sim”, diz Mancini. “Os benefícios dessas medicações têm sido demonstrados para diversas doenças, como esteatose, demência, artrose e apneia do sono.”

Quais os riscos dos agonistas do receptor de GLP-1?

Essas medicações são razoavelmente seguras, mas desde o início do uso pacientes relatam efeitos indesejados como náusea e vômito. E isso fica evidente no artigo. Entre os riscos, os principais observados foram gastrointestinais, como gastrite, diverticulite e dor abdominal. 

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O que o trabalho revela, contudo, é que os efeitos não param por aí. Além desses desconfortos, a investigação mostrou diversas condições que podem ser consequências da perda de apetite, como queda de pressão e desmaios. “Esses medicamentos promovem redução da pressão arterial e o monitoramento deve ser cuidadoso para ajustar a dose dos medicamentos anti-hipertensivos, que provavelmente foram a causa das síncopes”, explica Mancini. 

Muitos desses efeitos podem ser evitados com o bom acompanhamento e os médicos recomendam que o uso desse tipo de droga só seja feito com indicação médica, já que a lista de contraindicações é longa: eles devem ser evitados por pessoas com história ou risco de câncer medular de tireoide ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2, pancreatite, gastroparesia, gravidez, lactação e hipersensibilidade a qualquer componente da formulação. 

Justamente por isso, a pesquisa foi mais que bem-vinda. Além de ajudar a evidenciar os efeitos para além do emagrecimento, ela também mostrou as condições quem devem ser vistas com maior cuidado, tanto pelos médicos, quanto pelos usuários. “Este estudo é importante porque é um conjunto de dados do mundo real”, diz a professora de nutrição da Universidade de Newcastle, Clare Collins, em nota. “Ele provavelmente ajudará os médicos a monitorar o uso de medicamentos e os resultados associados de saúde e bem-estar em indivíduos a longo prazo.”

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