A gordura que ajuda a proteger o cérebro das mulheres
Estudo revelou que, sem essa camada protetora, órgão tende a inflamar mais, resultando em problemas como demência e derrame
Mulheres são mais propensas a ter depósitos de gordura em lugares como quadris, nádegas e na parte de trás dos braços em comparação ao sexo masculino. Mas, o que antes parecia ser um incômodo, pode ser um alívio. Cientistas relatam que a chamada gordura subcutânea também protege contra a inflamação cerebral, que pode resultar em problemas como demência e derrame, pelo menos até a menopausa.
“Quando as pessoas pensam em proteção em mulheres, seu primeiro pensamento é o estrogênio”, diz Alexis M. Stranahan, autora de um novo estudo sobre o tema e neurocientista do Departamento de Neurociência e Medicina Regenerativa da Augusta University. Ela explica que há outros mecanismo subjacentes às diferenças sexuais, como dieta e genética, que explicam as diferenças amplamente atribuídas aos hormônios.
Para aprender mais sobre como o cérebro fica inflamado, o grupo de pesquisa observou aumentos na quantidade de gordura e localização do tecido adiposo, bem como níveis de hormônios sexuais e inflamação cerebral em camundongos machos e fêmeas à medida que engordavam em uma dieta rica em gordura em diferentes intervalos de tempo. Assim como humanos, camundongos fêmeas tendem a ter mais gordura subcutânea e menos gordura visceral.
Os pesquisadores, então, procederam com cirurgia de retirada de gordura subcutânea, semelhante à lipoaspiração, mas não fizeram nada para interferir diretamente nos níveis normais de estrogênio, como remover os ovários. Eles descobriram que essa perda aumentou a inflamação cerebral e a distribuição se assimilou muito mais com a dos machos.
Na comparação com os machos, foi somente após a menopausa que as fêmeas que não tiveram a gordura subcutânea removida, mas comiam uma dieta rica em gordura, apresentaram níveis de inflamação cerebral semelhantes, segundo Alexis. Quando a gordura subcutânea foi removida de camundongos em uma dieta com baixo teor de gordura na juventude, eles desenvolveram um pouco mais de gordura visceral, mas nenhuma evidência de inflamação no cérebro.
Duas lições: não faça lipoaspiração e depois coma uma dieta rica em gordura e saiba que o Índice de Massa Corporal (IMC), comumente usado para indicar sobrepeso e obesidade, provavelmente não é uma ferramenta muito significativa, de acordo com Alexis. “Não podemos dizer apenas obesidade. Temos que começar a falar sobre onde está a gordura. Esse é o elemento crítico aqui”. Os resultados foram publicados na revista da American Diabetes Association.