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A ciência explica a TPM grave – e a causa não está na sua cabeça

Cientistas americanos acreditam que a TPM em sua forma mais extrema seja causada por uma mutação genética

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h58 - Publicado em 5 jan 2017, 12h49

Enquanto a variação de humor que a maioria das mulheres sofre “naquela época do mês” já é motivo de incômodo, de 2% a 5% das mulheres enfrentam uma forma mais extrema da tensão pré-menstrual (TPM). Apesar das oscilações no temperamento, cientistas do Instituto Nacional da Saúde Mental (NIH, sigla em inglês), nos Estados Unidos, divulgaram no início da semana um estudo comprovando que a causa para esse distúrbio não está somente no humor da pessoa – e sim no código genético.

Segundo os pesquisadores, uma mutação genética que deixa as células cerebrais desordenadas pode explicar porque essas mulheres são tão sensíveis às mudanças hormonais. Com os estudos, os cientistas esperam aprender mais sobre o papel desse complexo genético e aprimorar os tratamentos para distúrbios de humor relacionados ao sistema endócrino.

 Não é só mau humor

Mulheres que apresentam perturbação disfórica pré-menstrual (PMDD, sigla em inglês), como é chamada a forma mais grave da TPM, têm como sintomas principais irritabilidade intensa, tristeza, ansiedade, inchaço e dores no corpo. Ao contrário da TPM comum, na PMDD esses sintomas são tão fortes que frequentemente as mulheres não conseguem realizar tarefas do seu dia a dia normalmente.

Os cientistas já sabiam que mulheres com PMDD possuíam níveis normais de hormônios, mas, até agora, não conseguiam explicar por que apresentavam incômodos bem mais intensos. O objetivo do estudo, divulgado na Nature, era desvendar como isso acontece.

A equipe de pesquisadores analisou dez mulheres com PMDD e comparou a um grupo controle de nove mulheres sem a condição. Na primeira etapa, os cientistas “desligaram” a progesterona e o estrogênio no organismo das participantes, comparando a reação dos dois grupos. Enquanto os sintomas das mulheres com PMDD desapareciam quando os hormônios eram desligados e ressurgiam quando eram reativados, as mulheres do grupo controle não apresentavam nenhuma mudança. Isso demonstrou que, de alguma forma, as células cerebrais reagiam de maneira diferente na PMDD.

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A segunda etapa foi, então, compreender os mecanismos moleculares que levavam a isso. Para tanto, os cientistas cultivaram glóbulos vermelhos das participantes – que apresentam genes parecidos com as células cerebrais e são mais fáceis de coletar – com e sem os hormônios sexuais. Analisando os resultados, os pesquisadores encontraram um complexo genético, chamado Extra Sex Combs/Enhancer of Zeste, ou simplesmente ESC/E(Z), que era diferente entre os dois grupos.

O ESC/E(Z) é responsável por controlar quais genes são ligados ou desligados em resposta a certos estímulos, como hormônios e agentes estressantes. Nas células de mulheres com PMDD, alguns genes controlados por esse complexo estão mais expressivos do que o normal, enquanto outros estão menos. Na presença dos hormônios, essa diferença faz com que a via molecular fique desordenada, deixando as mulheres mais sensíveis às oscilações hormonais que acontecem antes do período menstrual.

Apesar de ser um estudo inicial que ainda precisa ser desenvolvido, a pesquisa é a primeira a demonstrar evidências de uma atividade anormal nas células de mulheres com PMDD. Por conta disso, os cientistas estão otimistas em relação aos próximos passos, podendo levar ao desenvolvimento de um tratamento efetivo para a TMP intensa.

“Esse é um grande momento para a saúde da mulher, porque determina que mulheres com PMDD tem uma diferença intrínseca no seu aparato molecular para resposta aos hormônios sexuais – não só comportamentos emocionais que elas controlam voluntariamente”, afirma em comunicado David Goldman, um dos membros da equipe de pesquisadores do NIH que realizou o estudo.

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