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8 sinais de que você pode estar com depressão

Doença, que atinge cerca de 10% dos brasileiros, é caracterizada por conjunto de sintomas que vão desde tristeza duradoura até problemas para dormir

Por Vivian Carrer Elias
28 abr 2014, 11h03

A depressão afeta 350 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é mais prevalente entre mulheres. No Brasil, cerca de uma em cada dez pessoas sofre com o problema. Embora seja uma doença comum, a moléstia carrega estigmas que dificultam seu diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento adequado.

O primeiro deles está no fato de a depressão ser um transtorno mental. “Percebemos que o preconceito com as doenças mentais faz com que muitos pacientes, principalmente os homens, demorem a aceitar que têm o problema e a procurar um médico, atrasando o tratamento”, diz Rodrigo Martins Leite, psiquiatra e coordenador dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

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Limite – Além do preconceito com os transtornos mentais, a dificuldade de interpretar os sintomas faz com que uma pessoa demore a procurar ajuda. Os sinais podem ser confundidos com sentimentos naturais do ser humano, como tristeza, indiferença e desânimo. Esses sentimentos passam a configurar um quadro de depressão clínica quando a variação do humor começa a afetar negativamente vários aspectos da vida do paciente – da produtividade no trabalho e nos estudos às relações com outros indivíduos, passando pela qualidade do sono e a disposição física para realizar as atividades do dia a dia.

“Muitas vezes é difícil diferenciar a tristeza comum da depressão. O humor das pessoas nunca é constante, sempre vai existir uma variação. Uma situação negativa pode desencadear tristeza, luto. Isso é diferente da depressão clínica, que é uma síndrome que vem acompanhada por outros sintomas”, explica Mara Fonseca Maranhão, psiquiatra da Unifesp e do Hospital Albert Einstein.

Definição – Os critérios atuais para diagnóstico da depressão – estipulados por entidades médicas como a OMS e a Associação Americana de Psiquiatria – determinam que, para ser detectada com a doença, uma pessoa deve apresentar ao menos cinco sintomas do transtorno. Entre eles, um deve ser obrigatoriamente o humor deprimido (tristeza, desânimo e pensamentos negativos) ou a perda de interesse por coisas que antes eram prazerosas ao paciente. Os outros sintomas podem incluir alterações no sono, no apetite ou no peso, cansaço e falta de concentração, por exemplo.

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Segundo o psiquiatra Rodrigo Leite, os critérios dizem que esse conjunto de sintomas deve ser apresentado pelo paciente na maior parte do dia, todos os dias e durante pelo menos duas semanas para que seja considerado como sinais de depressão. Por isso, estar atento a sintomas como esses – e a duração deles – é importante para que uma pessoa procure um médico e saiba se precisa ser submetida a um tratamento.

Doença do corpo – As causas exatas que levam à depressão ainda não são completamente conhecidas. “Sabe-se que situações como problemas financeiros ou conjugais, desemprego e perda de um ente querido alteram estruturas cerebrais que são sensíveis a hormônios relacionados ao stress, especialmente ao cortisol. Com isso, há um desequilíbrio no cérebro que desencadeia os sintomas depressivos”, explica Leite.

Apesar disso, a depressão não é uma doença apenas do cérebro – e levar esse fato em consideração é essencial para o sucesso do tratamento. “As pessoas precisam saber que, diferentemente do que se pensava antes, a depressão não afeta apenas o cérebro, e o tratamento não depende exclusivamente de antidepressivos. Hoje, sabemos que essa é uma doença de todo o organismo”, diz Rodrigo Leite.

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De acordo com o psiquiatra, cada vez mais a ciência mostra que a doença está relacionada a problemas como baixa imunidade, alterações dos batimentos cardíacos e acúmulo de placas de gordura no sangue. Ou seja, a depressão é também um fator de risco a doenças como as cardíacas, incluindo infarto e aterosclerose. “Ainda não está claro de que forma a depressão leva a essas condições, mas sabemos que a relação existe”, diz Leite.

Por esse motivo, o tratamento da depressão não deve incluir apenas antidepressivos. “Pessoas com depressão também precisam evitar hábitos como sedentarismo, tabagismo e má alimentação, que predispõem mais ainda uma pessoa a doenças cardiovasculares. Os pacientes devem saber que mudar esses hábitos é tão importante no tratamento quando os medicamentos.”

Os psiquiatras alertam que as pessoas, assim que notarem que apresentam sintomas depressivos – e que eles são duradouros -, devem consultar um médico. “O tratamento contra a depressão com antidepressivos, psicoterapia e mudanças de estilo de vida é eficaz, principalmente se for iniciado precocemente”, diz Mara Maranhão.

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