Quatro razões que explicam a crença em ‘fake news’
Há evidências de que as pessoas tendem a processar toda afirmação como verdadeira, e só depois passam a considerar a possibilidade de que ela seja falsa
As pessoas tendem a acreditar que tudo é verdade Psicólogos encontraram evidências de que os indivíduos têm inclinação para processar toda afirmação como verdadeira, e só depois, com algum esforço cognitivo, passam a considerar a possibilidade de que ela seja falsa, como aponta a pesquisadora Lisa Fazio, da Universidade Vanderbilt (EUA).
Basta que as informações estejam “próximas da verdade” para ser aceitas À pergunta “quantos animais de cada espécie Moisés levou na arca?”, muitos responderão “dois”, sem reparar no erro no nome do personagem. A armadilha torna-se evidente apenas quando a questão inclui um elemento flagrantemente fora de contexto: “Quantos animais de cada espécie Nixon levou na arca?”, por exemplo.
Mesmo quem conhece um assunto tem predisposição a crer em falácias sobre ele Depois de lerem uma história que mencionava Saturno como o maior dos planetas, participantes de outro experimento citado pela pesquisadora repetiam a informação como se fosse verdadeira — inclusive aqueles que, em testes anteriores, haviam demonstrado saber ser Júpiter o maior planeta do sistema solar.
Muitas técnicas para facilitar a identificação de erros revelaram-se inócuas Em vez de ajudarem a reconhecer informações falsas, técnicas como diminuir a velocidade da gravação de um audiolivro ou realçar com cor diferente informações de um texto que poderiam estar erradas fizeram com que os participantes do experimento reproduzissem as falsas informações ainda mais, pelo fato de terem prestado mais atenção a elas. O único método que resultou numa melhor percepção de erros foi instruí-los a atuar como “checadores de fatos” profissionais — incumbidos de analisar a veracidade de cada sentença e decidir se continha erros.
Publicado em VEJA de 11 de abril de 2018, edição nº 2577