O tombo do caubói
Acusado de abuso sexual, candidato ao Senado de Trump no Alabama perde eleição

Quem trouxe a notícia foi o jornal The Washington Post de 9 de novembro. No Estado sulista do Alabama, nos idos de 1979, Roy Moore, então promotor assistente e com 32 anos, ofereceu-se para cuidar da filha de uma mulher que compareceu a um tribunal para dar depoimento. Sozinho com a menina, de 14 anos, ele pediu seu número de telefone. Dias depois, Moore a pegou de carro e a levou para sua casa, no meio de uma floresta. Disse que ela era bonita e começou a beijá-la. Em encontros posteriores, ele despiu a menina e tocou no seu corpo de adolescente. Ela queria terminar com aquilo tudo, mas não sabia como. Na mesma reportagem, outras três mulheres, que na época tinham entre 16 e 18 anos, acusaram Moore de abuso. A resposta dele foi dada em nota oficial e, também, no altar cheio de enfeites de Natal de uma igreja batista. No microfone, afirmou que as acusações eram falsas e atacou seus inimigos. “Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros querem mudar nossa cultura. São socialistas que querem mudar nosso modo de vida”, disse. Moore era o candidato ao Senado de Donald Trump, que, em desprezo aberto pelas denúncias, não lhe retirou o apoio. Na eleição, que aconteceu na terça-feira 12, Moore foi votar com seu cavalo malhado Sassy, que se assustou com os jornalistas. Ao fim da contagem, a vaga ficou com o democrata Doug Jones. Moore só levou a melhor nas cidades rurais, mas perdeu entre os negros, os jovens e as mulheres com filhos. Em 2016, Trump venceu com 62% dos votos no Alabama, estado historicamente republicano. A maré trumpista, com seus abusos e sua intolerância, parece que está começando a encontrar seu limite.
Publicado em VEJA de 20 de dezembro de 2017, edição nº 2561