Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

O início da retomada

A premiação de MELHORES & MAIORES, da revista EXAME, mostra que o impacto da crise nas empresas está menor, marcando o começo de uma lenta recuperação 

Por Flávia Furlan
Atualizado em 12 ago 2017, 06h00 - Publicado em 12 ago 2017, 06h00

Os primeiros indícios de que a economia brasileira está num processo gradual de saída de uma das maiores crises da história estão aparecendo. O balanço de muitas das grandes empresas já mostra que o pior passou — pelo menos, no campo econômico. Em 2016, as 500 maiores companhias em operação no país conseguiram, juntas, um lucro de 32,5 bilhões de dólares, de acordo com a 44ª edição de MELHORES & MAIORES, anuário da revista EXAME, da Editora Abril, também responsável pela publicação de VEJA. No ano anterior, as empresas brasileiras haviam apresentado um prejuízo de 24 bilhões de dólares. O resultado positivo de 2016 foi alcançado mesmo com a queda de 8% do faturamento das companhias, para 809 bilhões de dólares. Em média, o bloco das 500 maiores empresas obteve no ano passado um retorno de 5,4% sobre o patrimônio líquido, revertendo o tombo do ano anterior, quando a rentabilidade tinha sido negativa em 4,9%. “Apesar da crise política que se mostra interminável, as empresas parecem ter focado os negócios, decidiram ser donas do próprio destino e estão tocando o Brasil em frente”, disse Walter Longo, presidente do Grupo Abril, na cerimônia de premiação do anuário, que reuniu cerca de 1 000 empresários e executivos no dia 7 de agosto, em São Paulo, e contou com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O evento marcou também o início das comemorações dos cinquenta anos da revista EXAME, criada em 1967.

Minerva
Instalações da Minerva em Barretos, SP. (Ricardo Benichio/Exame)

Mesmo num cenário econômico tão adverso, a trajetória das empresas destacadas no anuário mostra que é possível encontrar alternativas para crescer e lucrar. Uma das principais lições vem da RaiaDrogasil, ganhadora do título de Empresa do Ano, entre as vinte companhias que se destacaram nos segmentos da indústria, do comércio e de serviços. Para a companhia, a crise econômica eclodiu justamente no momento em que estava sendo con­cluí­da a complexa fusão entre duas redes de farmácia antes ferrenhas concorrentes — a Raia e a Drogasil. A união foi anunciada em 2011 e, juntas, elas se tornaram a maior varejista de remédios do país, com faturamento de 3,4 bilhões de dólares em 2016. A integração entre as companhias foi consumada em 2014 e coincidiu com uma forte expansão do setor como um todo. Desde então, as vendas de medicamentos e outros produtos de saúde aumentaram 19% no país — a RaiaDrogasil cresceu ainda mais, 26%. No ano passado, a empresa obteve 130 milhões de dólares de lucro, o maior do setor. Hoje, a rede está em dezenove estados, com 1 500 lojas, e até o fim de 2017 espera abrir mais 120. “Mesmo com toda a crise, atuamos fortemente na nossa expansão. Ela se baseia em aumento de presença nos mercados existentes e em uma entrada seletiva em novos mercados”, disse Marcílio Pousada, presidente da RaiaDrogasil.

graf-empresas
(//VEJA)

Os bons resultados colhidos pelas empresas campeãs de MELHORES & MAIORES não vieram de mão beijada. Elas precisaram fazer malabarismos no corte de gastos e no ganho de eficiência. O agronegócio, por exemplo, teve uma quebra de safra devido a problemas climáticos no ano passado. Ainda assim, o produto do setor cresceu 4,5%. A grande vencedora nessa categoria foi a Minerva Foods, uma companhia que persegue uma estratégia desenhada nos anos 90: manter o foco do negócio na exportação de carne bovina (hoje, 60% do faturamento vem do exterior) e expandir suas operações com recursos próprios ou com crédito a juros de mercado — algo bem diferente do que fizeram algumas concorrentes mais barulhentas, como a JBS, que se agigantou à base de dinheiro público subsidiado. Em 2016, a Minerva teve o maior lucro líquido entre as empresas do setor de carnes, com um resultado de 79 milhões de dólares, e a segunda maior margem de vendas do setor, de 4,1%. Agora, a empresa se prepara para crescer pelo menos 30% mais até a metade do ano que vem, com a aquisição de nove frigoríficos de uma de suas principais concorrentes, a própria JBS.

Continua após a publicidade
Passou – Meirelles, no encerramento do evento: a recessão ficou para trás
Passou – Meirelles, no encerramento do evento: a recessão ficou para trás (Fávio Santana/Biofoto/)

Na cerimônia de premiação, o ministro da Fazenda destacou a nova fase de retomada da economia. Meirelles ressaltou os dados de produção industrial do primeiro trimestre, que mostraram um aumento de 11,7% no setor de veículos, de 5,2% no de vestuário e de 3,6% no de metalurgia, em comparação com o mesmo período do ano passado. A taxa de desemprego, que costuma ser um dos últimos indicadores econômicos a reagir num processo de recuperação, também começa a melhorar. Depois de atingir um pico de 13,7%, em março, o que significou cerca de 14 milhões de pessoas sem trabalho, a taxa caiu a 13% em junho, quando foi verificado também o aumento da massa salarial em relação ao mesmo mês do ano passado. “Há evidências suficientes para perceber que a recessão já ficou para trás, não é apenas objeto de desejo ou de observação superficial”, disse Meirelles, no discurso de encerramento do evento. A retomada da economia é lenta, conforme era esperado. Visto em retrospectiva: o lucro obtido pelas 500 maiores empresas do país em 2016 representa apenas metade daquele alcançado em 2010. Para o governo, apesar de demorada, a recuperação está acontecendo de forma sustentável, com alguma reação dos investimentos, e não baseada em uma bolha de crédito, como ocorreu no passado. “No segundo semestre, os indicadores vão apresentar melhora ainda mais substancial”, aposta Meirelles. É um bom sinal para um país cansado de dois anos seguidos de recessão profunda e de uma crise política que não tem prazo para acabar.

Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2017, edição nº 2543

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.