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Durante quatro anos, o jornalista Franklin Martins comandou a Secretaria de Comunicação do governo Lula. Em tese, era o responsável apenas por distribuir verbas publicitárias e cuidar da imagem do governo. Na prática, era mais que isso. Conselheiro do presidente, ganhou status de ministro, definia estratégias políticas e tinha sinal verde para interferir em várias áreas da administração. Terminado o governo, Franklin Martins decidiu mudar de ramo: trocou o jornalismo pelo marketing político — e está agora enredado na Lava-Jato. Em delação premiada, João Santana e Mônica Moura, ex-marqueteiros do PT e responsáveis também pela propaganda eleitoral do presidente venezuelano Hugo Chávez em 2012, revelaram que Franklin Martins recebeu cerca de 2,5 milhões de dólares em espécie. Disseram que o pagamento ao ex-ministro foi feito em Caracas. Oficialmente, Franklin Martins coordenou a parte digital da campanha.
A Polícia Federal apura se o dinheiro tem conexão com o petrolão. A Lava-Jato, como se sabe, tinha ramificações no exterior. As empreiteiras que pagaram propina no Brasil faziam operações semelhantes em outros países. Na Venezuela, duas delas, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, comprometeram-se a financiar parte da campanha de Chávez. Por intermédio de seu advogado, Franklin Martins afirmou que a citação de seu nome ocorreu “de forma absolutamente irresponsável”. A pedido da defesa, o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, transferiu na semana passada o caso de Curitiba para Brasília. Martins se livrou da pena do juiz Sergio Moro.
Publicado em VEJA de 30 de maio de 2018, edição nº 2584