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Datas: Jimmy Carter e Ney Latorraca

As despedidas que marcaram a semana

Por Redação Atualizado em 3 jan 2025, 11h54 - Publicado em 3 jan 2025, 06h00

Não há notícia de um ex-presidente dos Estados Unidos tão relevante e influente quanto o democrata Jimmy Carter. Em 1981, ao deixar a Casa Branca depois de um único mandato, ao perder a reeleição para o republicano Ronald Reagan, Carter trilharia um caminho de imenso sucesso na defesa dos direitos humanos. Não por acaso, em 2002 ele ganhou o Nobel da Paz em reconhecimento à sua atuação como advogado da causa democrática e negociador de crises diplomáticas e conflitos armados. Ele desempenhara essas atividades à frente do Carter Center, a ONG criada para mediar guerras e controlar epidemias, especialmente em países da África.

A segunda vida de Carter, por assim dizer, foi um modo de reinventar a história de quatro anos em Washington. Sim, no poder ele endossou os acordos de paz de Camp David entre Egito e Israel e promoveu o desarmamento nuclear de americanos e soviéticos nos estertores da Guerra Fria. Ao pressionar as ditaduras, ajudou a deflagrar movimentos como o da Lei da Anistia de 1979 no Brasil, caminho para o retorno da democracia. Pode-se dizer, portanto, que, para além das fronteiras dos Estados Unidos, ele tenha pavimentado a trajetória que o levaria às vitórias posteriores. Dentro de casa, contudo, foi uma usina de crises — em sucessão de erros que seria aproveitada pela oposição em torno de Reagan.

O maior obstáculo de Carter foi a Revolução do Irã, em 1979, com a queda do xá e a ascensão dos aiatolás. Os preços do petróleo foram à lua, contribuindo para inflação em alta. Em meio à revolução, 52 diplomatas e funcionários da embaixada americana em Teerã foram sequestrados por um grupo de estudantes, mantidos reféns por 444 dias e com seus dramas contados todos os dias na imprensa americana. A imagem dos homens e mulheres vendados e bandeiras americanas queimadas marcou uma geração, atalho para o antagonismo que até hoje permeia as relações entre os dois países. Carter morreu em 29 de dezembro, aos 100 anos.

Entre o drama e o riso

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VERSÁTIL - Ney Latorraca: papéis que mostravam o ridículo da vida (Markos Fortes/Divulgação)

Ney Latorraca conseguiu dar vida a um punhado de figuras inesquecíveis. Em sua primeira novela de televisão, Escalada, de 1975, comoveu com o mudo Felipe. Em Estúpido Cúpido, entre 1976 e 1977, virou galã inesperado no papel de um jovem — Mederiquis, fã de Elvis Presley. Corajoso, desafiava os tabus por saber que a arte tem o dom de fazer a sociedade caminhar. No folhetim Coração Alado, de 1980, fez o vilão Leandro Serrano, lembrado por protagonizar a primeira cena de estupro em uma novela. No filme O Beijo no Asfalto, de 1981, baseado em peça de Nelson Rodrigues, colou seus lábios nos de Tarcísio Meira, para espanto do conservadorismo.

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Não demorou, depois de navegar nos meandros da alma humana, para mergulhar no humor. Como esquecer o Barbosa da TV Pirata, nos anos 1980 e 1990, o idoso tarado que repetia a última palavra das frases alheias? No palco, ao lado de Marco Nanini, brilharia de 1986 a 1997 com O Mistério de Irma Vap, em montagem dirigida por Marília Pêra. Sua derradeira obra-prima foi o vampiro Vlad, da novela Vamp, de 1991. Dizia ter apenas um defeito: “A vaidade, mas meu humor me protege e mostra o ridículo da vida”. Tratava de um câncer de próstata desde 2019. Morreu em 26 de dezembro, aos 80 anos, no Rio de Janeiro.

Publicado em VEJA de 3 de janeiro de 2025, edição nº 2925

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