Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Com sabor de novo

Os alimentos vão ser impressos, virão em embalagens comestíveis e terão até o triplo de nutrientes. À mesa, prevalecerá a ordem de comer devagar

Por Thaís Botelho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 16h28 - Publicado em 20 jul 2018, 06h00

“Que seu alimento seja o seu remédio”, disse o grego Hipócrates (460 a.C.-375 a.C.), considerado o pai da medicina ocidental. A afirmação, cunhada há 2 500 anos, nunca foi tão atual. A ideia de que se possa atribuir à dieta a condição de base essencial da boa saúde está por trás de todos os avanços na área da nutrição — incluindo os de caráter tecnológico. “A ciência jamais esteve tão empenhada em dar um basta às doenças e mortes associadas à má alimentação”, acredita o biólogo Charles Godfray, diretor do programa Alimentação do Futuro, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, referência no campo nutricional. O objetivo primordial hoje é aliar a mais alta tecnologia ao desenvolvimento de alimentos saudáveis, acessíveis e extremamente nutritivos. Como se verá adiante, no futuro estarão à mesa, por exemplo, comida preparada em impressoras 3D, alimentos manipulados de forma a conter o dobro ou o triplo de nutrientes e embalagens comestíveis.

Com sabor de novo
Direto da horta - O consumo de produtos in natura deve crescer (Renato Pizzuto/.)

É claro que o aprimoramento dos alimentos representa um passo fundamental rumo a uma dieta saudável. Mas o modo como eles são consumidos é igualmente importante. E aqui o futuro olha com muita atenção para o passado, admitindo um retorno às origens na forma como nos alimentamos. A ordem da ciência é priorizar pratos naturais, que devem ser saboreados sem pressa. Nesse sentido, quanto aos alimentos em si, a melhor lição é dada pelo jornalista e ativista americano Michael Pollan, autor de quatro best-sellers sobre o assunto: “Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida”. Já no âmbito do, digamos, estilo à mesa, um dos movimentos mais vigorosos é o Slow Food. Criado nos anos 80 pelo jornalista italiano Carlo Petrini, ele não para de crescer — está espalhado por 150 países, incluindo o Brasil. Com sua reação ao fast-food, o Slow Food é uma tendência que vai prevalecer nas próximas décadas, nas quais serão servidas a todos nós algumas das invenções descritas a seguir.

• Impressoras de comida

São máquinas que cozinham e imprimem alimentos em formatos, cores, texturas e sabores variados. Utilizando ingredientes em pó, pastas em extrato, lasers e braços robóticos, elas criam pratos em poucos minutos. Há também modelos de impressoras 3D que fazem uso de alimentos frescos em cápsulas de aço inoxidável e os que preparam macarrão com água e farinha de sêmola. As primeiras máquinas desse tipo começaram a ser testadas pela Nasa em 2014. Dois anos depois, surgiu na Europa o Food Ink, o primeiro restaurante a ter pratos em 3D. Itinerante, ele já passou pela Inglaterra, Espanha e Holanda.

• Superalimentos

Alterados geneticamente, eles constituem uma bomba nutricional. Alguns já começaram a ser comercializados, como um tipo de brócolis vendido na Grã-Bretanha enriquecido com o triplo de glucorafanina, substância naturalmente encontrada no vegetal que contribui para o bom funcionamento do sistema cardiovascular. Nem sempre o composto turbinado faz parte do próprio alimento. Pesquisadores do Conselho de Pesquisa em Biotecnologia e Ciências Biológicas da Inglaterra, por exemplo, estão desenvolvendo uma nanopartícula de ferro natural com o propósito de intro­duzi-la em diversos tipos de ingrediente. No Brasil, há estudos semelhantes conduzidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Continua após a publicidade

• Hambúrguer vegetal

Um produto desse tipo criado pela startup americana Impossible Foods é macio e tem a mesma cor e o mesmo cheiro da carne tradicional. Sua fórmula contém proteína de batata (o que dá textura ao alimento), óleo de coco (que faz as vezes da gordura da carne) e uma molécula chamada heme (extraída de levedura, confere sabor, cheiro e cor de carne vermelha). Do ponto de vista nutricional, o hambúrguer vegetal representa o melhor dos mundos: tem mais proteína que os outros tipos de carne e nada de colesterol.

• Sirva com o pacote

O grande desafio da indústria alimentícia — criar embalagens que prolonguem a vida útil dos produtos e não agridam o meio ambiente — poderá ser vendido em breve. A Embrapa já iniciou a elaboração de filmes ultrafinos usando alimentos como mamão, espinafre e tomate desidratados, misturados a nanopartículas cuja função é dar liga ao conjunto. O material não só isola os alimentos do contato com o ar — impedindo a proliferação de microrganismos que necessitam de oxigênio para sobreviver — como também pode ser consumido. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Química está desenvolvendo embalagens à base de caseína, uma proteína do leite que pode ser até 500 vezes melhor do que o filme plástico para isolar o oxigênio dos alimentos — e é também comestível.

• Scanner de calorias

Saber exatamente, e em tempo real, quantas calorias e quais propriedades tem um alimento, além de quais toxinas estão presentes nele, será algo comum nos próximos anos. Empresas do Canadá e de Israel estão desenvolvendo um scanner portátil com o objetivo de ler as informações contidas em uma porção de comida. A tecnologia faz uso de sensores ópticos com algoritmos específicos e poderá ser utilizada em qualquer alimento.

Publicado em VEJA de 25 de julho de 2018, edição nº 2592

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.