A roda das mulheres
No salão de sua casa, em Brasília, Cármen Lúcia recebeu um grupo de convidadas ilustres e soltou a voz
Os que a conhecem por suas aparições no púlpito do Supremo Tribunal Federal empregam adjetivos bem-comportados para descrevê-la: circunspecta, austera, serena. Na vida privada, a ministra-presidente do STF, Cármen Lúcia, é também uma pessoa discreta. Mora sozinha e sai pouco de casa. Mas aqueles que já conviveram com ela na intimidade sabem que a magistrada também exibe alegria com amplas doses de espontaneidade. Na segunda 20, no salão de sua casa, em Brasília, a juíza recebeu um grupo de mulheres ilustres que participara, no mesmo dia, do seminário “Elas por Elas”, organizado pelo Conselho Nacional de Justiça. Estavam presentes a empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza (de vestido bordô), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge (à direita), Lúcia Braga, presidente da Rede Sarah de Hospitais (no fundo), a consultora Betânia Tanure e a cantora Alcione, a Marrom (no centro, de preto). Em um vídeo postado nas redes sociais, a artista provoca: “Vai, Cármen Lúcia!”. E Cármen Lúcia vai e solta a voz: “Não deixe o samba morrer. Não deixe o samba acabar. O morro foi feito de samba. De samba para a gente sambar”. A música, de Edson Conceição e Aloísio Silva, integra o álbum de estreia de Alcione, A Voz do Samba, lançado em 1975. Cármen levantou o dedinho e mexeu a cintura. “Estou desempregada”, brincou Alcione, embasbacada com a voz da amiga. “Se na Bíblia uma mulher foi capaz de virar o mundo de cabeça para baixo, seguramente juntas seremos capazes de fazer esse mundo voltar de cabeça para cima”, disse Cármen, no evento. E nesse mundo de cabeça para cima haverá muito samba.
Publicado em VEJA de 29 de agosto de 2018, edição nº 2597