“A hiperconexão traz desafios, mas também a chance de repensar nosso lugar no mundo”
Em entrevista especial pelos 75 anos da Abril, Marina Daineze fala sobre os desafios da comunicação e a importância do conteúdo de qualidade para as marcas
Recém-nomeada vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Vivo, Marina Daineze tem uma longa trajetória dentro da empresa, iniciada como trainee. Ao longo dos últimos anos, consolidou-se como uma das principais lideranças da companhia, à frente da diretoria de Marca e Comunicação. Em sua trajetória, Marina construiu também uma relação próxima com as revistas da Abril — tanto no campo pessoal, como leitora de títulos como Capricho e Claudia, quanto no campo profissional, em que enxerga a editora como uma parceira estratégica de conteúdo e construção de marca. Em entrevista para a série especial pelos 75 anos da Abril, ela fala sobre as transformações da comunicação, os desafios do presente e as oportunidades de construir narrativas mais profundas no futuro.
Qual é a sua relação com as revistas? Eu amo as revistas. A primeira com a qual tive contato foi a Capricho, que marcou toda uma geração. As revistas também faziam parte do ambiente familiar, como o hábito de ler a VEJA no domingo. Depois, o Guia do Estudante fez muito parte da minha vida profissional, a Você S/A no início de carreira, Superinteressante e Claudia, que foi e ainda é uma referência de conteúdo para mim.
Podemos dizer que Claudia é a sua favorita? No lado pessoal, sim. Ela acompanhou meu amadurecimento nas últimas duas décadas. Quando comecei como trainee, eram poucas mulheres no mercado e no topo das organizações. Claudia acompanhou essas mudanças, mostrando os desafios das mulheres. Esse conteúdo sempre foi de grande valor para mim. Então, criei um vínculo emocional com a revista, com as capas, com as protagonistas das histórias reveladas. Hoje eu busco também inspirar outras mulheres em início de carreira e vejo que Claudia segue fazendo o mesmo.
E no lado profissional, qual é o impacto das publicações da Abril? Lá atrás, a Abril era uma escolha óbvia na hora de pensar um anúncio de campanha, por exemplo. Agora, os desafios são outros: precisamos entender onde estão nossos consumidores. Mas, a Abril é hoje um hub de conteúdo, uma fonte de informação relevante com curadoria, sofisticação e profundidade, com a facilidade de ser multicanal, antecipando tendências e trazendo informações valiosas para marcas que trabalham, sobretudo, com amplas segmentações, como é o caso da Vivo. Podemos consumir o conteúdo no impresso, no vídeo, nas redes sociais, de forma muito dinâmica. Por isso ela está no meu dia a dia de trabalho, tanto na hora de consumir conteúdo, quanto de forma estratégica.
Você está há mais de 20 anos ajudando a construir a marca Vivo. Como tem sido esse desafio, levando em conta as transformações da área? Nesse tempo todo, vimos uma transformação social, econômica e comportamental. Em meados dos anos 2000, estávamos entrando em um processo de digitalização e hoje estamos falando da quinta geração de telefonia móvel, a fibra amplamente implementada, uma outra relação que as pessoas têm com a vida digital, em que o entretenimento, o consumo de o conteúdo, o trabalho, as atividades físicas, profissionais e de educação passam pelos meios digitais.
“A Abril é um hub de conteúdo multicanal, antecipando tendências e trazendo informações valiosas para marcas que trabalham com amplas segmentações, como é o caso da Vivo.”
As campanhas da Vivo têm incentivado uma vida mais desconectada. De onde veio essa ideia? Nessa era de hiperconexão, as pessoas voltaram a valorizar informação com qualidade e profundidade. Por isso acho que há também um olhar mais generoso para
o impresso. A marca, há muito tempo, fala sobre esse equilíbrio porque, desde 2015, víamos que a tecnologia passava a ter um espaço cada vez maior na vida das pessoas. A hiperconexão trouxe benefícios, como a democratização da informação e dando mais voz para as pessoas. Mas também trouxe um excesso que traz malefícios importantes.
A conscientização do uso saudável da tecnologia é uma responsabilidade do próprio setor de tecnologia, na sua visão? Sim, e esse olhar está em nossa plataforma ESG. As pessoas acham curioso que somos uma marca digital que promove experiências analógicas. Mas isso faz parte do que acreditamos. A Vivo tem se tornado um ecos sistema de produtos e serviços digitais. Queremos dar acesso às pessoas, mas com um olhar para o bem-estar e saúde mental. Queremos ser uma marca relevante por nosso cuidado com o meio ambiente, com o planeta e com as pessoas.
Quais são os desafios que você acha que esperam a marca e mercado no futuro? Eu sou super otimista e acredito que estamos em um bom momento. Apesar de falarmos que a hiperconexão traz muitos desafios, ela também traz oportunidades de pensar em como nos colocamos no mundo. Eu vejo um desafio muito propositivo para marcas, veículos e pessoas repensarem o que querem fazer com a sua voz nesse mundo onde também temos a oportunidade de construir narrativas e movimentos positivos.
E a parceria com a Abril, que é de longa data, vai continuar existindo? A Abril tem sido uma marca muito importante na nossa história. A editora foi pioneira nesse olhar de segmentação, de formação de comunidades a partir de conteúdos de interesse – que hoje é mais importante do que nunca. E hoje vejo a editora se amplificar e tomar vida em outros formatos. O fato de uma marca conseguir criar vínculos para além do digital é o futuro que eu vejo. Então, espero seguir contando com a parceria da Abril na construção do nosso posicionamento e das nossas mensagens.
Você poderia deixar uma mensagem de felicitações para os 75 anos da Abril? A Abril, pela sua trajetória de credibilidade, jornalismo sério, cuidado e profissionalismo, merece celebrar muito esses 75 anos. Sabemos o desafio de se tornar uma marca tão longeva, que segue crescendo e se transformando. Queria deixar os meus parabéns e meus desejos de muito sucesso por muitos anos que ainda virão pela frente.
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