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Carta ao Leitor: Fé na informação

É bom saber que a adoração de algo que nos consola, sem radicalismos, será sempre positiva

Por Redação Atualizado em 18 jul 2025, 16h45 - Publicado em 18 jul 2025, 06h00

Ao longo de sua história de 57 anos, VEJA sempre teve especial atenção com os temas relacionados à religião — já no número 2 da revista, em setembro de 1968, indagava-se em manchete: “Para onde vai a Igreja?”, em referência ao debate entre as vertentes tradicionais e a chamada Teologia da Libertação, que ganhava corpo em um país empobrecido e pressionado pelo horror da ditadura militar. Recentemente, inúmeras capas jogaram luz sobre o espantoso crescimento de grupos evangélicos, que não demoraram a ocupar também as fileiras do Congresso Nacional, com bancadas volumosas, ruidosas e decisivas. VEJA, insista-se, cuidou de acompanhar de perto, com rigor e inteligência, também a morte e a sucessão de papas no Vaticano — seguindo, em Roma, os movimentos dos círculos ao redor de Paulo VI; do breve João Paulo I; de João Paulo II; de Bento XVI; de Francisco; e, agora, de Leão XIV.

Os passos religiosos — mesmo para quem não dá as mãos a nenhuma modalidade de crença — fazem parte da civilização, e compreendê-los é um modo de traduzir os humores da sociedade. Mesmo agnósticos declarados como Albert Einstein, para quem a comprovação da existência ou da inexistência de Deus era uma impossibilidade, gostam de alinhavar as incertezas da fé com as convicções da ciência, em fascinante mescla filosófica. Disse Einstein, entre a ironia e a sinceridade: “Sou um descrente profundamente religioso. Isso é, de certa forma, um novo tipo de religião”.

REBANHOS - A capa da segunda edição de VEJA e uma de 2023: de católicos a evangélicos
REBANHOS - A capa da segunda edição de VEJA e uma de 2023: de católicos a evangélicos (./.)

Convém, portanto, estar sempre atento às duas pontas, em semelhantes doses de atenção, porque os seres humanos são diferentes, nem melhores nem piores uns em relação a outros, acreditem ou não em uma força superior. Uma reportagem desta semana ilumina com acuidade o casamento dessas duas posturas. Um vasto estudo conduzido pelo neuropsicólogo americano Jordan Grafman, professor da faculdade de medicina da Universidade Northwestern, identificou padrões nítidos de ativação neural durante práticas espirituais. Os dados revelaram que rituais religiosos estimulam de forma consistente os sistemas cerebrais de recompensa, desencadeando a liberação de substâncias diretamente associadas à sensação de prazer e bem-estar. Em recente editorial publicado na revista Nature, Grafman tratou da necessidade de quebrar o tabu que separa o divino da ciência. “Uma investigação sobre religiosidade e espiritualidade é crucial para a compreensão do cérebro humano — e da vida humana. E agora é a hora de expandi-la”, anotou. O experimento pôs no papel o que o senso comum percebe: ter algum tipo de credo, algo a que se apegar, faz bem. Não se trata, é claro, de determinar a existência de um criador a partir de eletrodos colados ao cérebro. Mas é bom saber, com fé na informação, que a adoração de algo que nos consola, sem radicalismos, com os pés na Terra, será sempre positiva.

Publicado em VEJA de 18 de julho de 2025, edição nº 2953

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