Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Viúva: “Fizeram com Adriano o que ele fazia com vagabundo do morro”

Julia Mello Lotufo disse não entender por que o ex-capitão não fugiu ao ser avisado da iminência da chegada da polícia ao seu esconderijo

Por Daniel Pereira Atualizado em 7 Maio 2024, 16h24 - Publicado em 14 jan 2024, 19h20

Companheira de Adriano Magalhães da Nóbrega durante dez anos, Julia Mello Lotufo ficou com o ex-capitão do Bope — acusado de chefiar um grupo de matadores de aluguel — até a véspera da morte dele, em 9 de fevereiro de 2020, no município de Esplanada, na Bahia. Um dia antes de o ex-PM ser morto numa ação policial, Júlia, em comum acordo com ele, deixou Esplanada rumo ao Rio de Janeiro acompanhada da filha e de um motorista indicado pelo fazendeiro Leandro Abreu Guimarães, que era amigo de Adriano e o hospedava no interior baiano.

Durante a viagem, a Hilux branca em que Julia viajava foi parada por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na abordagem, perguntaram ao motorista quem o havia indicado para o serviço. “Zé”, como é conhecido, respondeu que tinha sido Leandro Guimarães e assim entregou uma importante pista do paradeiro de Adriano, que estava foragido da Justiça desde o início de 2019, acusado de homicídio.

Ao ser liberada pelos policiais, Julia ligou para Adriano, contou o que tinha acontecido e recomendou que ele e Leandro fugissem, porque a polícia logo chegaria aos dois. Numa conversa gravada a que VEJA teve acesso, ocorrida quatro dias após a morte do ex-capitão do Bope, Julia disse não entender por que o companheiro não fugiu, já que ele sempre repetia que, se fosse alcançado pelos policiais, seria executado, num caso típico de queima de arquivo. Além de próximo à família de Jair Bolsonaro, Adriano sabia muito sobre as relações promíscuas entre autoridades públicas do Rio e o crime organizado.

Tortura

Horas após a abordagem da PRF e a ligação telefônica, a polícia militar da Bahia chegou à fazenda de Leandro, um amigo que Adriano fez no circuito de vaquejadas e que chegou a ser listado pelo ex-capitão do Bope como sua testemunha de defesa num processo judicial. A ação policial contou com granadas e resultou na prisão do fazendeiro, por porte ilegal de armas, nas não encontrou Adriano. Motivo: ele passava o dia na propriedade, mas dormia num sítio próximo, no qual acabou morto. Julia pernoitou lá também.

Responsável pela investigação do caso, o Ministério Público da Bahia disse na conclusão da investigação — cujos detalhes são revelados com exclusividade na nova edição de VEJA — que uma testemunha contou aos policiais, após a fracassada operação na fazenda, onde estava Adriano. Na conversa gravada a que a revista teve acesso, Julia disse que essa versão não é verdadeira. Segundo ela, Leandro teria sido forçado a dizer onde estava o amigo e não resistiu a pressão.

Continua após a publicidade

Matadores

Em depoimento ao MP, Leandro disse não se lembrar se Adriano portava armas. Já Júlia declarou que ele não levou qualquer pistola nem para o sítio onde foi morto nem para a casa na Costa do Sauípe onde se hospedaram antes de fugir para Esplanada — entre outros motivos porque o casal estava acompanhado da filha e de uma adolescente, que correriam risco em caso de uma eventual troca de tiros.

Segundo a polícia da Bahia, Adriano portava uma pistola quando foi alcançado, resistiu à ordem de prisão e morreu com dois tiros — um de fuzil, outro de carabina. A nova reportagem de VEJA mostra em detalhes a quantidade de elementos que colocam em dúvida se o ex-capitão estava de fato armado e se fez mesmo os disparos alegados pelas forças policiais.

Aos promotores, Julia garantiu que Adriano não estava armado. A  pessoas próximas, chegou a dizer que, se tivesse uma pistola, ele se mataria ao perceber o cerco dos policiais, porque tinha convicção de que seria torturado e executado. A investigação do MP não conseguiu rechaçar todos os indícios de tortura. “Tenho certeza de que fizeram com o Adriano o que ele fazia com vagabundo do morro”, declarou a viúva numa conversa reservada. Um dos hobbies de Adriano era torturar. E não apenas vagabundos do morro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.