Valéria: a professora Bolsonaro
Em primeiro mandato, a deputada ganhou o sobrenome no casamento e defende boa parte das bandeiras do primo de seu marido — incluindo o Escola sem Partido

Qual o seu parentesco com o presidente? Sou casada há 27 anos com um primo do presidente. O avô do meu marido era irmão do avô de Jair Bolsonaro. Meu marido se chama Luiz Oscar Bolsonaro, então o sobrenome realmente é nosso.
Vocês têm contato próximo com o primo? Como ele se estabeleceu muito cedo no Rio de Janeiro, tínhamos um contato muito pequeno. Nós nos aproximamos mais em 2016, quando fui convidada pelo então partido dele, o PSC, para ser candidata a vereadora em São Paulo. Perguntaram por que eu tinha aquele sobrenome, então eu expliquei, e me convidaram.
Quais são suas bandeiras na Assembleia Legislativa? Luto por educação, saúde e assistência social. Na minha visão, esses itens são a base para formar um cidadão. Uma criança tem de ter esses três pilares para que ela seja muito bem formada. Junto disso, há outras questões que não se dissociam da educação. Por exemplo, a segurança das crianças, para não acontecer outro atentado como o de Suzano. E a luta contra as drogas: precisamos de vigilância ostensiva, para a polícia afastar as drogas e os bandidos da escola.
A senhora é professora. É a favor do Escola sem Partido? A ideologia não tem de estar dentro da escola. É uma coisa à parte. A escola tem outro papel. Vou defender algumas alterações no currículo escolar, pois sei que meus alunos não fazem ideia do papel dos políticos, e isso é algo que a escola deve ensinar. Mas, se o professor vai falar de uma ideologia, que fale também de outra, e compare.
Alunos devem gravar aulas para denunciar professores quando julgam que eles fazem pregação ideológica? Não concordo com gravações dentro de salas de aula. Sou mais favorável à responsabilização e ao comprometimento dos funcionários que trabalham diretamente com os alunos.
E o que pensa da pedagogia de Paulo Freire? As metodologias usadas até hoje, baseadas em um livro dele, Pedagogia do Oprimido, impõem uma situação que não é real. Paulo Freire pregou uma escola assistencialista, que leva para esse lado de que tudo precisa ser dado pelo governo. E a pessoa? Ela não conquista nada? Ela não tem valor para buscar ela mesma o que ela quer? A ideia é ensinar a pescar, em vez de dar o peixe.
Publicado em VEJA de 1º de maio de 2019, edição nº 2632

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