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Vaccarezza: ‘Milhares de pessoas’ já me ofereceram dinheiro

Alvo da Lava Jato, o ex-deputado nega, no entanto, que tenha recebido propina ao longo da sua vida pública, mas admite que empresários influenciam leis

Por Da Redação
25 ago 2017, 10h19

O ex-deputado Cândido Vaccarezza (ex-PT-SP) declarou em depoimento à Polícia Federal que “milhares de pessoas” já lhe ofereceram dinheiro, mas que ele nunca recebeu propinas em toda a sua vida pública. Vaccarezza, que foi líder dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi alvo da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, no último dia 18.

Responsável pelo inquérito da PF, o delegado Filipe Hille Pace questionou o ex-deputado se “era comum receber de empresários minutas de projetos de lei”. Vaccarezza respondeu que sim, “de milhares de empresários”, mas que nunca recebeu nenhum valor indevido atrelado a isso. O ex-petista disse que “estaria mentindo” se dissesse que nunca lhe ofereceram vantagens indevidas.

Questionado sobre quais pessoas teriam feito tais ofertas, ele disse que “não se lembra” e que foram “milhares de pessoas”. Ele alega “as pessoas não chegam para o parlamentar oferecendo um milhão para que fosse feito determinado projeto de lei”, mas sim dizendo que este “vai ser bom para o Brasil”, pedindo “uma abertura, dando dica”.

Para além dos fatos investigados na Operação Abate, que dizem respeito a contratos da americana Sargeant Marine com a Petrobras, Cândido Vaccarezza também negou ter recebido propinas da empreiteira Odebrecht e reafirmou que “todos os bens que entram em sua casa são fruto apenas de seu trabalho”. O ex-deputado alegou que quando “se assume determinada posição”, passa a ser comum que pessoas “passem a utilizar seu nome sem seu conhecimento”.

Inquérito

A investigação apura a acusação de que o ex-deputado teria recebido 500.000 dólares da Sargeant Marine, para beneficiá-la junto a Petrobras – ele nega. “Um cidadão repassar quinhentos mil dólares e não deixar rastros é muito difícil. Passar dez, vinte mil, passa, mas quinhentos mil dólares é muito difícil. Eu não recebi um centavo da Sargeant Marine e ninguém tem como provar que eu recebi, doutor”, se defendeu.

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Entre 2010 e 2013, os americanos celebraram acordos estimados em 180 milhões de dólares com a estatal brasileira. Preso temporariamente no momento da operação, Cândido Vaccarezza foi libertado na terça-feira pelo juiz Sergio Moro, que aceitou as alegações médicas da defesa.

A suspeita da Polícia Federal é de que o ex-deputado usufruiu ilicitamente de seu trânsito na Petrobras, onde seu principal contato seria o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, o primeiro delator de toda a Operação Lava Jato. No depoimento, Vaccarezza admitiu ter relações próximas com o lobista Jorge Luz, preso acusado de operar propinas para o PMDB.

Defesa

A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, esclarece, em nota, que: “Cândido Vaccarezza nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobras. A prisão foi decretada com base em delações contraditórias, algumas já retificadas pelos próprios delatores. A busca e apreensão excedeu os limites da decisão judicial, confiscando valores declarados no imposto de renda e objetos pertencentes a terceiros sem vínculo com a investigação. A defesa se manifestará nos autos e espera que a prisão seja revogada e as demais ilegalidades corrigidas!”

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Cândido Vaccarezza: mais um líder do PT preso

(Com Estadão Conteúdo)

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