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Troca de acusações e direito de resposta dominam debate no Rio

Paes foi chamado de 'candidato do crime' e respondeu dizendo que não chamaria Indio para seu governo; Romario e Witzel trocaram ofensas

Por Luisa Bustamante Atualizado em 3 out 2018, 02h19 - Publicado em 2 out 2018, 23h04

O debate entre os candidatos ao governo do Rio, realizado pela rede Globo na noite desta terça-feira (2), foi marcado pela troca de acusações entre os adversários. Houve pedido de resposta atendido até nas considerações finais. Chamado de “candidato do crime” por Indio da Costa (PSD), o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) conseguiu tempo para se defender. Prometeu que, se eleito, não convidará o adversário para ser seu secretário.

Além de Paes e Indio — que se atacaram no ar, mas conversaram amigavelmente fora das câmeras –, participaram do encontro Marcia Tiburi (PT), Pedro Fernandes (PDT), Romário (Podemos), Tarcísio Motta (PSOL) e Wilson Witzel (PSC).

Temas como corrupção e eleições nacionais deram o tom do início do debate. O candidato PSOL foi o primeiro a nacionalizar a discussão, ao questionar Romário se ele defendia a tortura ou que mulheres ganhassem menos que homens. Isso porque o vice do ex-jogador, Marcelo Delaroli, declarou voto em Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno.

O candidato do Podemos afirmou ser a favor da democracia, o que implica em respeitar inclusive o voto de seu companheiro de chapa. Tarcísio insistiu: “É sua candidatura, é seu vice que defende claramente um candidato machista, racista e homofóbico”, afirmou. Romário saiu pela tangente: “Na política, infelizmente, as pessoas gostam de surfar na onda”.

O tema da corrupção também foi logo abordado pelos candidatos. Coube a Wilson Witzel, do PSC, questionar Indio da Costa sobre o assunto e alfinetar o rival. “Você está envolvido na investigação da merenda e lavagem de dinheiro. Como investir na inteligência sendo você também investigado?”, questionou, em referência ao fato de Indio ter sido citado em uma delação do ex-secretário de obras de Sérgio Cabral, Hudson Braga.

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“Primeiro, quero dizer que você é um mentiroso”, afirmou Indio, negando envolvimento com irregularidades. “Você deixar a magistratura para vir para a política e contar mentira é inacreditável”, completou.

Indio da Costa voltou a protagonizar troca de farpas com Tarcísio, quando, ao falarem de segurança pública, declarou que a solução para a área não envolve “passar a mão em cabeça de bandido”, ironizando a postura de defesa dos direitos humanos do PSOL.

O psolista devolveu: “Você foi secretário de Cesar Maia, Sérgio Cabral, Marcelo Crivella. Crivella, lembrando de você ser meio Steve Jobs, disse que você ‘Steve em todos os governos'”. O caso aconteceu durante as eleições de 2016, quando Indio e Crivella disputavam uma vaga na Prefeitura do Rio. Durante a disputa, Indio foi associado à figura de Steve Jobs por usar sempre uma camisa preta.

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Indio da Costa, aliás, passou grande parte do debate chamando os seus adversários de mentirosos. E levou um pito de Eduardo Paes e de Wilson Witzel. “Você perdeu quase toda a sua propaganda política eleitoral, o direito de falar na TV porque andou mentindo”, afirmou Paes, em resposta a acusações do adversário sobre envolvimento em corrupção. Witzel fez coro: “Você está mostrando desequilíbrio emocional, ofendendo a todos, dizendo que eu usava fralda na política. Não tem condição de ser governador”, afirmou.

Lula

O franco-atirador Indio da Costa, fez referência ao fato de Lula estar preso quando esteve frente a frente com a candidata do PT, Marcia Tiburi. “Você representa uma quadrilha que roubou o Brasil, o Haddad representa essa quadrilha. O Lula está preso querendo mandar no Brasil”, afirmou. Ele lembrou a delação do ex-ministro, Antonio Palocci, tornada pública nesta segunda (1º), por decisão do juiz Sergio Moro, afirmando que o ex-presidente sabia dos desvios da Petrobras.

Em resposta, Tiburi afirmou que a prisão de Lula foi feita de forma injusta para tirá-lo da corrida eleitoral. “Não faço parte de nenhuma quadrilha, faço parte do partido mais querido do Brasil”, disse, arrancando aplausos e risadas da plateia.

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Apoiado no crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas, Wilson Witzel fez declarações enérgicas sobre segurança pública, afirmando que “bandido portando fuzil tem que ser abatido”, engrossando, assim, o discurso entoado pelo presidenciável.

Ofensas

Romário Faria e Wilson Witzel trocaram ofensas no quarto bloco. O ex-jogador lembrou da atuação do juiz aposentado no Espirito Santo, de onde o rival pediu transferência por ter sido ameaçado de morte. “Não precisamos de pessoas como você, precisamos de um homem, não de um frouxo”, afirmou. Depois, Romário precisou se explicar sobre as acusações, feitas por Indio, de ocultar bens no nome da irmã.

O clima esquentou também na plateia. Candidato a vice de Romário, o deputado Marcelo Delaroli (PR) gritou várias vezes durante o debate. Chegou a interromper Indio da Costa quando ele exercia seu direito de resposta ao ex-jogador. Um outro convidado disse para Delaroli calar a boca. O congressita respondeu: “Cala a boca é o c***”. De tanto interromper o debate, ele foi abordado por um funcionário da Globo, que pediu para que falasse mais baixo.

Com Fernando Molica

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