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Tesoureiro indicou JBS para pagar apoio à chapa Dilma-Temer

Fundador do PROS, Henrique Pinto confirma que partido recebeu R$ 10,5 milhões para apoiar reeleição e revela que Edinho Silva intermediou o pagamento

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jun 2017, 17h48 - Publicado em 6 jun 2017, 08h00

Ricardo Saud, caixa-forte da JBS, contou aos investigadores da Lava-Jato que o grupo deu 10,5 milhões de reais para que o PROS apoiasse a reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014. O relato, que consta da delação premiada negociada por Saud e pelos donos da JBS com a Procuradoria-Geral da República, foi confirmado a VEJA por um dos fundadores do partido, Henrique José Pinto. Ele diz que quem cuidou das negociações foi o presidente do PROS, Eurípedes Júnior. E que Edinho Silva, então tesoureiro da campanha e depois ministro de Dilma, foi quem indicou a JBS como a responsável por pagar pelo “apoio” à chapa encabeçada pela petista. A seguir, os principais trechos da conversa.

O que o senhor sabe sobre relação da JBS com o PROS? A aproximação do Eurípedes Júnior com a JBS se deu em 2013, na fase de criação do partido. O Eurípedes estava precisando de recursos para dar prosseguimento às suas ações e precisava conhecer alguns empresários a patrocinar campanhas políticas. Como eu conhecia o Júnior da Friboi (José Batista Júnior, irmão de Joesley e Wesley), desde adolescente, apresentei o Eurípedes Júnior ao Júnior Friboi e estivemos na casa dele em certa ocasião, em 2013. Naquela ocasião, o Eurípedes fez um a proposta ao Júnior Friboi: se ele fosse candidato a governador por Goiás, com o PROS constituído, o PROS iria apoiá-lo no pleito.

Quando eles se conheceram, o Júnior Friboi deu dinheiro ao Eurípedes Júnior? Naquela ocasião o Júnior Friboi prometeu 150 mil ao Eurípedes Júnior, para dar prosseguimento nas ações para a constituição do partido.

Esse dinheiro chegou a ser entregue? Com certeza. Inclusive, era tido como notório em Goiás que quem tinha bancado a criação do PROS era o Júnior Friboi. Essa era a conversa que se escutava nos meios políticos. O Júnior Friboi, na época, não estava diretamente no comando da JBS, já tinha negociado a saída com os irmãos, já tinha montado o próprio grupo dele. Mas ele falava em nome de todos os irmãos.

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Na delação da JBS, há relatos sobre entrega de dinheiro para o PROS. Eu sei das tratativas do Eurípedes Júnior diretamente com o ex-ministro Edinho (Silva), que era coordenador financeiro da reeleição da presidente Dilma. Cheguei a conversar na ocasião com o Eurípedes. O Eurípedes tinha acertado com a Odebrecht 7 milhões de reais e, com a JBS, 10,5 milhões de reais. Era compra do próprio partido, do tempo de TV, apoio do PROS à campanha da reeleição.

Isso foi no início de 2014? Não, isso foi mais ou menos no meio do ano, maio ou junho, antes da campanha. Então, foram 7 milhões da Odebrecht e os 10,5 milhões que a JBS repassou para o PROS, inclusive por meio de nota fiscal fria. Essa segunda fase foi capitaneada pelo Edinho.

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O Edinho negociava o apoio dos partidos e já indicava as empresas que iam pagar? Exatamente assim que era feito. Eu, particularmente, nunca estive com o Edinho pessoalmente. Mas eu conversava com o Eurípedes Júnior e ele me falava o que estava acontecendo.

Como é que o Eurípedes Júnior falava para o senhor? Ele falava com aquela sensação de vitória, que tinha conseguido mais um bom negócio.

Os ex-presidentes Lula e Dilma tinham conhecimento da participação da JBS nessa operação? Se tinha ou não tinha, não sei. Mas é muito difícil um funcionário (ele se refere a Edinho Silva) fazer uma coisa desse nível sem o conhecimento do patrão.

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