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Temer tenta evitar rebelião na base após ataque de Maia

Presidente da Câmara criticou assédio do PMDB a deputados que negociavam mudança para o DEM e causou incerteza sobre apoio contra denúncia

Por Da Redação
Atualizado em 22 set 2017, 14h40 - Publicado em 22 set 2017, 08h31

Após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acusar o PMDB e o governo de dar uma “facada nas costas” do DEM, o presidente Michel Temer (PMDB) assumiu nesta quinta-feira articulação para tentar contornar a insatisfação na base. Horas depois de chegar de Nova York, onde participou da Assembleia-Geral da ONU, Temer reuniu auxiliares e disse que marcaria uma conversa com Maia para resolver o problema e conter a rebelião.

As declarações do presidente da Câmara foram feitas no momento em que Temer precisa de apoio parlamentar para barrar a segunda denúncia contra ele no plenário. Nesta quinta, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 10 votos a 1, que a acusação apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o presidente, por organização criminosa e obstrução da Justiça, deve ser encaminhada aos parlamentares e entregou à Câmara a acusação.

O desabafo de Maia foi feito após o assédio do PMDB a parlamentares do PSB que estavam prestes a ingressar no DEM. O partido de Temer conseguiu, recentemente, filiar o senador Fernando Bezerra (PE) e o filho dele, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, ambos ex-PSB. Pelo menos outros seis deputados socialistas, que estavam em negociação com o Democratas, foram procurados pela cúpula peemedebista, enfurecendo Maia.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que também é presidente do PMDB, negou as acusações do presidente da Câmara, que estaria “mal informado”. Segundo Jucá, é o partido, que voltará a ter o nome de MDB em 4 de outubro, que está sendo procurado, “porque é uma marca muito forte”. O senador atribuiu a movimentação ao fim das coligações a partir de 2020, aprovado na Câmara, que leva parlamentares de legendas menores a querer se integrar a bancadas maiores.

Movimentos

O Planalto, porém, viu nas declarações raivosas de Rodrigo Maia algo muito além do simples desabafo. Nos últimos dias, o deputado do DEM tem feito movimentos em direção aos dissidentes do PMDB e à esquerda. Na quarta-feira, ele participou de jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), suspensa das funções partidárias após entrar em confronto com líderes da sigla.

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Um dos presentes ao encontro, o deputado oposicionista Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que “sobraram ali estocadas à condução política do governo”.  O comunista, no entanto, nega que Maia “conspire” contra Temer. “O Rodrigo não conspira. Aliás, se ele quisesse, Temer já teria caído. O Palácio é que está fissurado pela sobrevivência e vê fantasmas em todo canto”, afirmou.

O encontro na casa da senadora do Tocantins reuniu, ainda, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Braga (PMDB-AM), ambos também críticos do governo. Também estavam lá o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e deputados de outros partidos, como Alexandre Baldy (Podemos-GO). Já na quinta, Rodrigo Maia esteve com o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).

A aproximação do presidente da Câmara com o paulistano é vista pelo Planalto como mais um gesto político de Maia para as eleições de 2018. Tanto o DEM quanto o PMDB já abriram suas portas para que Doria seja candidato à Presidência da República.

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‘Não vamos misturar’

Mais cedo, em um evento no Rio de Janeiro, o presidente da Câmara negou que os problemas entre PMDB e DEM possam influenciar na tramitação da denúncia contra Temer. “Não vamos misturar uma coisa tão grave, que é a denúncia, com um problema que envolve dois partidos e parte do Planalto”, disse.

Embora aliados do presidente avaliem que o governo enfrentará menos dificuldade na segunda acusação, há muitos “fios desencapados”. Romero Jucá admitiu que a nova acusação “perturbará” votações de interesse do Planalto, como a Reforma da Previdência.

Ministro

Além da revolta de Maia, deputados do chamado Centrão – grupo que reúne partidos médios, como PP, PTB e PSD – pressionam pela saída do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB). Há também descontentamento por causa da polêmica em torno da medida provisória que cria o novo Refis, para refinanciamento de dívidas.

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O líder do PMDB, Baleia Rossi, disse que Imbassahy se fortaleceu com o sinal de apoio mútuo dos demais ministros do PSDB como Bruno Araújo (Cidades) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores). “Imbassahy tem uma função de atendimento dos parlamentares, então é natural que haja reclamação. Mas ele tem trabalhado direito.”

Para o deputado Marcos Montes (MG), líder do PSD, os descontentamentos estão relacionados a indicações para cargos de terceiro escalão. Segundo ele, o partido se sente desprestigiado e gostaria de ter um espaço maior no governo, além do Ministério de Ciência e Comunicações, ocupado por Gilberto Kassab. Montes mostrou-se solidário à Maia. “A atuação do Rodrigo na presidência pode não alterar o resultado, mas é determinante em algumas situações. Ele está com um espinho atravessado na garganta. Não sei de que tamanho é, se de lambari ou de pirarucu.”

(Com Estadão Conteúdo)

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