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Siglas do Centrão e PSDB são rivais em doze estados

Coligação com dez partidos deve colocar Geraldo Alckmin no meio de disputas regionais em mais de um terço dos estados brasileiros

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 27 jul 2018, 15h41 - Publicado em 27 jul 2018, 08h20

O Centrão, grupo que reúne PR, PRB, PP, DEM e Solidariedade, oficializou nesta quinta-feira o apoio à pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, encerrando uma negociação que durou meses. A aliança, com dez legendas no total, dará ao tucano o maior tempo de televisão no horário eleitoral, mas ainda deixou pendente a escolha de um vice na chapa após a recusa do empresário Josué Gomes da Silva (PR).

Alckmin terá, porém, de administrar conflitos em ao menos doze estados onde partidos do bloco rivalizam com o PSDB ou com siglas que já apoiavam o pré-candidato tucano (PSD, PTB, PPS e PV) em campanhas regionais. Estagnado com 7% nas intenções de voto, o pré-candidato terá de conciliar palanques importantes para alavancar sua campanha, como no caso de Minas, segundo maior colégio eleitoral do país.

Em sete estados, os tucanos são adversários diretos de pré-candidatos do DEM, por exemplo. A divergência em Goiás pode derrubar da posição o coordenador político da campanha de Alckmin, o ex-governador Marconi Perillo. Ele apoia a reeleição do sucessor, José Eliton (PSDB), que tem como principal adversário o senador Ronaldo Caiado (DEM).

Em Minas, onde os tucanos lançaram o senador Antonio Anastasia ao governo, o DEM insiste em manter a candidatura do deputado Rodrigo Pacheco. Ainda nesta quinta, deputados do Centrão procuraram a campanha tucana para pedir interferência na disputa entre os dois. Segundo um dos parlamentares do bloco, por influência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Pacheco se recusa a abrir mão da candidatura, o que tem atrasado a formação da chapa.

A situação teria complicado depois que Anastasia escolheu o deputado Marcos Montes (PSD-MG) como vice. Parlamentares temem não se reeleger por causa do racha. Questionado sobre como resolveria esse tipo de entrave, Alckmin contemporizou. “Cada um tem sua singularidade, onde puder juntar todo mundo, estamos fazendo um esforço.”

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Terceiro maior colégio eleitoral, o Rio também tem um imbróglio entre os partidos. No estado, dois aliados devem ter candidatos próprios ao governo: o DEM, com Eduardo Paes, que anunciou a candidatura na quinta, e o PSD, que deve lançar Indio da Costa. Nesse caso, os tucanos estudam ficar ao lado de Paes, mas com o consentimento do ministro Gilberto Kassab, dirigente do PSD, que não teria exigido apoio obrigatório ao nome do partido.

‘Conciliação’

No ato em Brasília, que selou o apoio do Centrão, Alckmin se posicionou no meio da mesa na qual estavam dirigentes de cada um dos partidos – todos eles citados em delação de executivos da Odebrecht ou alvos de investigação, incluindo o tucano. Comandante do PR, Valdemar Costa Neto – condenado no mensalão – não participou do ato e foi representado pelo deputado Milton Monti (PR-SP).

Pregando “conciliação” contra o “extremismo e o populismo”, Alckmin disse que o bloco foi para sua campanha por “convicção”. “Seria fácil vir para minha pré-candidatura se eu estivesse em primeiro lugar”. No mesmo tom, o presidente do DEM, ACM Neto (BA), afirmou que as legendas tiveram que abrir mão de “interesses pessoais” para fazer a aliança.

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ACM Neto também admitiu que o bloco teve “dúvidas”, em referência indireta às negociações com o candidato Ciro Gomes (PDT), mas emendou dizendo que pesou o “coração”. “Todos os partidos tinham pré-candidatos e fomos capazes de deixar de lado as questões internas para promover uma aliança encarada por muitos com ceticismo e desconfiança.”

Na cerimônia, ACM Neto leu uma carta do presidente da Câmara abrindo mão de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Maia, que está fora do país para não ficar inelegível com a viagem de Michel Temer (MDB), já havia dito internamente que não concorreria à sucessão do presidente para ser candidato à reeleição. Faz parte do acordo com o Centrão o apoio à recondução do deputado para o comando da Casa em 2019.

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