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“Serão cerca de 40 milhões de votos a menos”, disse Bolsonaro

Ao pensar assim, presidente está matando uma das principais e mais importantes pautas do governo

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 abr 2020, 15h57

Em meio à crise do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro tem tentado salvar a sua própria pele ao fazer um cálculo político para preservar os seus apoiadores e conter a queda de sua popularidade. Além de empresários e evangélicos, o ex-deputado tem privilegiado uma categoria que conhece bem: os funcionários públicos. Conforme VEJA relatou em sua última edição, o presidente rejeitou a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir 25% dos salários dos servidores por um período de três meses. “Cada funcionário público tem, em média, quatro familiares. Então, se for reduzido o salário de mais de 10 milhões de servidores do Brasil, serão cerca de 40 milhões de votos a menos”, disse Bolsonaro.

Essa equação pode até fazer sentido para um candidato a presidente, mas é inapropriada para um presidente que precisa governar o país diante de uma pandemia. Em um momento em que trabalhadores privados poderão ter uma redução de até 70% do seu salário, os servidores terão não só a renda preservada como também o emprego garantido devido à estabilidade do cargo. O custo do funcionamento dessa máquina é enorme. A despesa anual com a folha de pagamentos de funcionários públicos de todo país chega a cerca de 750 bilhões de reais para os cofres da União, dos estados e dos municípios. Um cálculo racional sobre a situação calamitosa poderia criar um caixa bilionário para combater o coronavírus e estimular a retomada do crescimento do Brasil, numa conta em que todos ganham no final.

O cálculo político de Bolsonaro pode custar caro para o país. Ao determinar que seja proibido um reajuste na remuneração dos servidores pelos próximos dois anos, como se fosse possível imaginar um aumento salarial em meio à crise, essa iniciativa enterra de vez a reforma administrativa. Um dos planos da equipe econômica envolvia cortar privilégios do serviço público. A situação é tão estrambótica que há ministros e secretários do governo que ganham mais que o presidente e membros do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse último grupo, aliás, também se mostrou resistente a dar a sua parcela de contribuição. De acordo com o relato feito pelo presidente a um conselheiro, magistrados da Corte mandaram recados de que se a iniciativa de Paulo Guedes fosse enviada ao Congresso e aprovada seria imediatamente anulada no STF.

Mantido esse organograma de casuísmos, a Reforma Administrativa, uma das principais e mais importantes bandeiras do governo, morreu antes de nascer.

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