Roberto Jefferson não encontra apoio nem dentro do seu partido
Principais lideranças do PTB até agora ficaram caladas ou saíram pela tangente
O ex-deputado federal Roberto Jefferson é presidente de honra do PTB e há muito tempo é uma espécie de dono do partido. Por isso, é significativo que mesmo a legenda que comandou nos últimos anos não tenha saído em sua defesa após a prisão no domingo, 23, depois que ele atirou contra policiais federais que foram cumprir um mandado em sua casa.
O presidente de fato do partido, por exemplo, Kassyo Ramos, que foi candidato a deputado federal pelo Amapá — e não se elegeu –, não disse nada sobre o assunto até agora em suas redes sociais.
O perfil oficial do PTB na Câmara dos Deputados, que hoje tem apenas três parlamentares, fez uma publicação desde ontem – mas para estimular a vacinação contra a poliomielite. O líder do partido, o pastor Paulo Bengtson (PA), que não se reelegeu, também não se manifestou. A deputada Soraya Manato (ES), outra que não conseguiu renovar o mandato, fez posts enaltecendo a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Tarcísio de Freitas, mas nenhuma palavra sobre Jefferson.
Dos três deputados, apenas Daniel Silveira (RJ), igualmente na mira do Supremo Tribunal Federal, se manifestou para defender o colega de partido. No próprio domingo, chegou a convocar apoiadores para irem até a casa de Jefferson, mas depois recuou. Ele tentou ser senador pelo Rio de Janeiro e também ficou sem mandato.
Dos dois senadores do PTB, o mais ilustre, o ex-presidente Fernando Collor, nada falou sobre o colega de partido enrolado com a PF. Importante lembrar que Jefferson foi um aliado fiel de Collor no Congresso e ficou ao seu lado até o dia do seu impeachment como presidente da República. O outro senador do PTB, Roberto Rocha (MA), tentou se equilibrar: questionou a ordem de prisão, mas também criticou Jefferson. “Deploro as palavras do Roberto Jefferson contra a ministra Cármen Lúcia e sua reação armada contra a PF. De igual modo é deplorável, num inquérito inconstitucional, um juiz sozinho investigar, denunciar, julgar, condenar e prender. Cadê o MPF? Cadê o Senado?”, questionou.
O presidente do principal diretório do PTB no país, o de São Paulo, o empresário Otávio Fakhoury, também não defendeu diretamente a atitude de Jefferson, mas postou várias críticas ao STF. E deu uma indireta em Bolsonaro, ao retuitar nesta terça um post do presidente de agosto de 2021 no qual ele dizia que “o povo brasileiro não aceitará passivamente que direitos e garantias fundamentais, como o da liberdade de expressão, continuem a ser violados e punidos com prisões arbitrárias, justamente por quem deveria defendê-los”.
Mas defender as atitudes de Jefferson abertamente, ninguém do partido defendeu. Por ora, Jefferson é quase um pária político.