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Revelações de marqueteiros de Lula e Dilma repercutem no exterior

No Chile, o governo de Bachelet veio a público prestar esclarecimentos. Na Colômbia, Óscar Zuluaga deu uma coletiva de imprensa. No Brasil, silêncio

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 20h10 - Publicado em 2 fev 2017, 18h27

As revelações dos marqueteiros Duda Mendonça e João Santana, publicadas por VEJA em sua última edição, ganharam destaque no noticiário da Colômbia e do Chile. Em proposta de delação premiada feita à Procuradoria-Geral da República, os dois publicitários se colocaram à disposição dos investigadores da Operação Lava-Jato para revelar detalhes de como as construtoras OAS e Odebrecht financiaram clandestinamente as campanhas presidenciais no Brasil e no exterior.

Na Colômbia, a rede de televisão Caracol, a revista A Semana e o jornal El Tiempo, entre outros veículos, destacaram as revelações de Duda Mendonça. De acordo com a proposta de delação do marqueteiro, a Odebrecht bancou as despesas da campanha presidencial de Óscar Zuluaga, candidato do ex-presidente Álvaro Uribe em 2014. A reportagem de VEJA conflagrou um debate no país. Colocado sob suspeita, Zuluaga marcou uma entrevista coletiva para esclarecer que, embora tenha contratado Duda Mendonça e se reunido com um representante da Odebrecht em São Paulo, não teve conhecimento de qualquer pagamento extraoficial feito pela empreiteira brasileira.

Num capítulo dedicado à campanha de Zuluaga na Colômbia, Duda conta que, em meados de 2014, fez uma proposta de 4,3 milhões de dólares para fechar contrato com o então candidato a presidente. Mas o orçamento foi considerado elevado pelo comitê de Zuluaga. A Odebrecht, então, se ofereceu para bancar boa parte das despesas dos serviços prestados pelo marqueteiro por meio de caixa dois. Diante da revelação do publicitário, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe se manifestou publicamente, dizendo que Duda deve se explicar sobre os gastos não declarados oficialmente. Nesta quinta-feira, Uribe ainda enviou um pedido de investigação ao Conselho Nacional de Disciplina e Transparência.

No Chile, as revelações de Duda Mendonça, segundo as quais a construtora OAS financiou as campanhas presidenciais tanto de de Michelle Bachelet como de Enríquez-Ominami em 2013, repercutiram nos principais veículos do país como CNN, Canal 9 Bio-bio Televisión, Tele13, La Nacion, La Tercera, El Libero, entre outros. Após VEJA trazer à tona detalhes da proposta de delação do marqueteiro, parlamentares chilenos disseram que irão solicitar a ampliação das investigações relacionadas à campanha de Ominami para a de Bachelet. “Queremos pedir que a investigação se estenda à presidente da República”, disse Paulina Núñes, do partido RN (Renovação Nacional).

Mais tarde, em entrevista à Radio Cooperativa, o procurador-geral do Chile, Jorge Abbott, polemizou ao dizer que, caso seja comprovado, o crime eleitoral já estaria prescrito. “É preciso analisar exatamente de que forma teria ocorrido algum financiamento, porque pode ser uma infração à lei eleitoral, que tem um prazo de prescrição de um ano, que já transcorreu”. “Mas pode eventualmente haver infrações de caráter tributário”, complementou.

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Em seu site, VEJA ainda revelou que Duda Mendonça não é o único a mencionar Bachelet em sua proposta de delação. O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, também reservou um capítulo de colaboração para contar detalhes dos bastidores das campanhas no Chile. “As revelações de Léo Pinheiro não ficam bem para a Bachelet”, disse um dos investigadores da Lava-Jato.
No final da tarde da última quarta-feira, a porta-voz do governo chileno negou, numa coletiva de imprensa, as acusações feitas por Duda Mendonça relacionando a OAS ao financiamento de campanha de Bachelet. “Já houve uma tentativa no passado de vincular a campanha da Presidente Bachelet com essa empresa. Tal como naquela oportunidade, descartamos decididamente qualquer vínculo entre a campanha e a empresa, taxativamente”, disse Paula Narváez.

No Brasil, mesmo após vir à tona as revelações de Duda Mendonça e João Santana, responsáveis pelas campanhas de Lula e Dilma Rousseff, não houve qualquer manifestação dos ex-presidentes petistas. Dilma, que é acusada por Santana de ter vazado informações sigilosas da Lava-Jato, preferiu não se manifestar. De acordo com a proposta de delação do publicitário, que coordenou a eleição e reeleição de Dilma, a ex-presidente o avisou que ele e sua mulher, Mônica Moura, seriam presos pela Polícia Federal em Curitiba. Santana, condenado pelo juiz Sergio Moro nesta quinta-feira a oito anos e quatro meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro, também confirma que a campanha da petista foi financiada com caixa dois da Odebrecht.

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