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Renan acusa Temer de ter feito acordo com Janot para livrar Cunha

Senador afirmou que o presidente é 'umbilicalmente' ligado ao ex-deputado federal, condenado a quinze anos de prisão na Operação Lava Jato

Por Da Redação
Atualizado em 29 set 2017, 15h15 - Publicado em 29 set 2017, 11h13

Hoje na oposição, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está em guerra contra o presidente Michel Temer (PMDB). Renan agora acusa Temer de ter mantido negociações com o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na tentativa de livrar seus aliados da Operação Lava Jato, incluindo ministros e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso. Segundo o senador, Cunha e Temer são “umbilicalmente” ligados. “Aquilo ali é um corpo só.”

Renan relatou conversas mantidas com o presidente pouco antes de seu rompimento com o governo, em fevereiro. Disse que Temer combinou que “fecharia os olhos” para a sucessão de Janot, nomeando um aliado do ex-procurador-geral, Nicolao Dino, caso ele fosse o mais votado na lista tríplice do Ministério Público.

Renan afirmou que, em troca da indicação de Dino, Temer teria acertado que Janot não denunciaria os ministros. “Foi por isso que Michel fez aquele pronunciamento, em fevereiro, dizendo que, se um ministro fosse denunciado, seria afastado do governo. Já tinha um acordo”, afirmou Renan.

Ex-presidente do Senado e ex-líder do PMDB, Renan disse que alertou Temer de que Janot não era confiável. “Falei para ele: Michel, você não vai fazer aliança com Janot. Ele já traiu o Fabiano e também vai lhe trair na primeira esquina”, afirmou, em referência a Fabiano Silveira, ex-ministro da Transparência do governo Temer. Silveira caiu dezoito dias depois de assumir o cargo, em maio de 2016, após ser gravado numa conversa com Renan, seu padrinho, orientando o então presidente do Senado e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado nas investigações da Lava Jato.

De acordo com Renan, Temer também negociou com Janot, quando ainda era vice-presidente da República, a retirada do nome do ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB) das investigações. “No governo Dilma, queriam nomear Henrique como ministro do Turismo. Dilma disse ao Michel que só nomearia se ele não estivesse na lista de Janot. Michel, então, se encontrou com Janot e pediu a ele que tirasse Henrique e também Eduardo Cunha da investigação. Ele livrou Henrique, mas disse que não conseguiu tirar o Eduardo.”

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Sem o nome na lista, àquela altura, Henrique Alves acabou nomeado por Dilma em abril de 2015, substituindo Vinícius Lage, outro afilhado político de Renan. Alvo da Lava Jato, o senador soube, depois, que Temer nunca fez pedido algum por ele ao procurador-geral. “Janot mandou o seguinte recado para mim, por meio de um interlocutor: ‘Diga ao presidente Renan que ele não tem prestígio nenhum com o vice-presidente'”.

Renan assegura que disse tudo isso para Temer na conversa em que anunciou o rompimento com o governo do peemedebista. O senador chegou até a pedir a Temer a demissão do então ministro da Justiça, Osmar Serraglio, segundo ele indicado por Cunha “de dentro da prisão”. Temer teria respondido: “Renan, você sabe que estou sendo chantageado”.

A Secretaria de Comunicação da Presidência negou as acusações feitas por Renan. “O senador Renan Calheiros deveria escolher melhor seus amigos-informantes. Verifica-se, pelas informações fantasiosas, que essa é mais uma de suas escolhas erradas”, diz a nota emitida pela secretaria. A reportagem não conseguiu contato com Janot.

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Pouco antes de deixar o cargo, há doze dias, Janot apresentou a segunda denúncia contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF) — desta vez por organização criminosa e obstrução da Justiça — e incluiu na acusação os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo). Temer não nomeou Nicolao Dino, o primeiro da lista do Ministério Público, para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), escolhendo Raquel Dodge, segunda colocada.

(Com Estadão Conteúdo)

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