Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99

Reforma ministerial não resolverá os pecados capitais do governo

Presidente distante da realidade e disputas internas de poder emperram o funcionamento da máquina e contribuem para a falta de rumo da gestão petista

Por Daniel Pereira Atualizado em 2 mar 2025, 17h27 - Publicado em 2 mar 2025, 17h24

Depois de muito resistir à ideia, Lula concordou, no fim do ano passado, com a necessidade de fazer uma reforma ministerial para reorganizar o governo. Otimista por natureza, o presidente costumava distribuir elogios ao elenco escalado por ele, mas, diante da insistência de alguns conselheiros, resolveu promover mudanças pontuais na equipe. Quanto tomou essa decisão, a meta era melhorar a taxa de aprovação do governo, que estava estagnada. Agora, o objetivo é outro: estancar o derretimento de imagem e o aumento da rejeição ao petista, que supera a casa dos 60% nos maiores colégios eleitorais do país.

Partindo do controverso diagnóstico de que o problema principal da gestão é a comunicação, Lula mexeu primeiro no cargo responsável pelo setor no Palácio do Planalto, trocando o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, que cuidou da vitoriosa campanha presidencial de 2022. A mudança até agora não surtiu efeito positivo nas pesquisas. A fim de melhorar o desempenho governista na área de saúde, que aparece em primeiro ou segundo lugar na lista dos principais problemas citados pelos eleitores, o presidente também anunciou a demissão de Nísia Trindade, que será substituída por Alexandre Padilha, que comandou o Ministério da Saúde no governo Dilma Rousseff.

Na última sexta-feira, Lula escolheu a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, para comandar a articulação política, posto que era ocupado por Padilha e cobiçado por integrantes do Centrão. Haverá ainda troca de comando em outras pastas. O presidente quer acelerar a colheita de projetos, mostrar serviço, reconquistar pontos nas pesquisas e recuperar a força de sua eventual candidatura à reeleição. Não será fácil.

Tropeçando nas próprias pernas

Desde o início do terceiro de Lula, até aliados dizem que o governo é desarticulado, disfuncional e sem rumo. A responsabilidade por isso é principalmente do presidente. De início, ele priorizou a reinserção do Brasil no cenário internacional e o sonho de se tornar um líder global, missão na qual fracassou –e fracassou tanto que teve até a posição de líder regional abalada, depois do fiasco nas tratativas com o ditador venezuelano Nicolás Maduro.

Petistas esperavam que, no ano passado, o presidente voltasse a atenção para a agenda interna. Ele até se dedicou mais aos assuntos domésticos, mas, conforme seus aliados, com pouco paciência para tratá-los e, pior, mostrando-se cada vez mais alheio à realidade da população. Outrora festejado como um grande comunicador, Lula se distanciou dos eleitores. Seu discurso não mobiliza como antigamente e está baseado muitas vezes numa cartilha ultrapassada. Essa análise é quase consensual entre antigos conselheiros. Qualquer ajuste nessa questão específica depende não de reforma, mas do próprio mandatário. Ele, que adora a fama de nunca errar, mudará de atitude e discurso?

Continua após a publicidade

Também pode ser debitada na conta de Lula outro problema central: a disputa interna entre os ministros mais poderosos, que atravanca projetos. O maior exemplo está no duelo entre o chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o titular da Fazenda, Fernando Haddad. Ainda em 2023, o então presidente da Câmara, Arthur Lira, sugeriu a Lula que demitisse Costa e efetivasse Haddad na Casa Civil.

O deputado sugeriu também que o presidente assumisse logo a candidatura à reeleição, para que os dois ministros parassem de brigar pelo posto de sucessor. O conselho não foi aceito. Como de costume, Lula deixa a briga correr solta, para depois arbitrá-la e reafirmar seu poder. Não é à toa que até agora o governo não tenha um rumo claro nem trabalhe de forma coordenada.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.