Reclamações avançam na base de Lula, e PDT engrossa coro de insatisfação no governo
Partido, que é um dos mais fieis à gestão petista, já levou à articulação política o recado de que se sente escanteado na Esplanada

Desde o fim de 2024, importantes dirigentes do Centrão estão à espera de um prometido rearranjo na Esplanada dos Ministérios. A mudança, aventada pelo núcleo duro do governo Lula, teria o objetivo de ampliar o espaço das legendas de centro, reforçar a frágil base governista no Congresso e ainda consolidar alianças para 2026, quando o presidente deve tentar concorrer à reeleição.
Até o momento, porém, Lula apenas fez mudanças pontuais envolvendo o seu próprio partido e mexeu na “cozinha” do governo, substituindo a ministra da Saúde Nísia Trindade por Alexandre Padilha (PT) e, assim, abrindo espaço para Gleisi Hoffmann (PT) assumir a articulação política do Planalto.
Outras mexidas são esperadas, mas não se sabe quando e se elas vão acontecer. Além do Centrão, legendas da base fiel de Lula estão insatisfeitas. Neste caso, a reclamação é a de que o presidente não valoriza partidos que caminham junto e são mais ideologicamente alinhados à gestão petista.
O PDT é um desses casos. Com 17 deputados, o partido tem Carlos Lupi no comando do Ministério da Previdência Social, visto como uma pasta que não traz efetivos ganhos políticos.
A VEJA, um cacique da Executiva do partido afirma que a legenda “não se sente bem tratada dentro do governo”, e que já levou esse recado tanto a Alexandre Padilha, enquanto estava na Secretaria Institucionais, quanto à sucessora Gleisi.
A avaliação é a de que, apesar de pequeno, o partido entrega os mesmos votos proporcionalmente que legendas como o PSD e o União Brasil, que têm três ministérios e firmaram uma aliança circunstancial com o presidente. “Nós comemos o pão que o diabo amassou durante o governo Bolsonaro, mas estávamos do lado dos 130 que eram de oposição, diferentemente desses outros que estavam – e estão – no ministério”, acrescenta esse dirigente.
Apesar disso, a possibilidade de os pedetistas ganharem mais espaço no governo é vista com ceticismo. A avaliação é que Lula apenas faria um gesto neste sentido caso o ex-governador Ciro Gomes (PDT) se movimente para tentar novamente a Presidência em 2026, e o presidente atuasse para demover a mobilização interna.
Interlocutores de Ciro afirmam que hoje a tendência é que ele não concorra, mas que ele é um homem de “missão” e, se convocado, poderia rever a posição.