PT tem sete nomes cotados a prévias em SP; Lula é contra disputa interna
Ex-presidente defende que o ex-prefeito Haddad não dispute o cargo pela terceira vez e viaje pelo país para nacionalizar seu nome
O PT inicia 2020 com ao menos sete nomes cotados para disputar prévias do partido à prefeitura de São Paulo, maior colégio eleitoral municipal do país e ponto estratégico na política nacional rumo à corrida presidencial de 2022. No pleito de outubro deste ano, o partido tentará retomar o comando da cidade que governou por três mandatos, com os ex-prefeitos Luiza Erundina (1989-1992), Marta Suplicy (2001-2004) e Fernando Haddad (2013-2016).
Entre nomes já inscritos no processo eleitoral interno e quadros ventilados no PT como possíveis pré-candidatos estão os ex-secretários municipais Jilmar Tatto e Nabil Bonduki, os deputados federais Alexandre Padilha, Paulo Teixeira e Carlos Zarattini, o vereador Eduardo Suplicy e a militante Andreza do Nascimento Almeida, conhecida como Zazá.
Prevista no estatuto do partido para definir candidatos sempre que há mais de um postulante a cargos executivos e ao Senado, a votação interna pelos filiados ao PT paulistano está marcada para o dia 15 de março, depois de uma série de dezoito debates. O prazo para inscrições de pré-candidatos termina em dez dias.
A realização de prévias não é algo inédito no PT – em 2002, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve de bater Suplicy na disputa interna pela candidatura presidencial; em 2018, o ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho só foi definido como candidato ao governo de São Paulo ao vencer o ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá.
A imagem de racha interno e a possibilidade de que as rusgas do processo prejudiquem a candidatura petista à prefeitura paulistana, contudo, incomodam profundamente Lula, que atua contra a realização das prévias.
Em uma reunião nesta segunda-feira 6, com Jilmar Tatto, apontado como um dos favoritos na prévia, Fernando Haddad e outros petistas, Lula defendeu que a definição do candidato seja feita por consenso e antes de março, prazo que ele considera demasiado longo para a decisão, sobretudo porque os adversários, como o prefeito Bruno Covas (PSDB), já se movimentam. Para o ex-presidente, os petistas não devem gastar energia “falando para dentro, com quem pensa como a gente”, mas já iniciar o diálogo “com o povo” nas ruas.
Embora vista como a mais viável eleitoralmente até mesmo entre pré-candidatos já colocados, uma nova candidatura de Haddad não deve ocorrer neste ano. Segundo relatos, o ex-presidente externou na reunião de ontem a preferência de que o ex-prefeito, candidato ao Palácio do Planalto em 2018, não dispute pela terceira vez a prefeitura de São Paulo – em 2016, quando tentou a reeleição, ele foi derrotado por João Doria (PSDB) ainda no primeiro turno. Para Lula, Haddad deve viajar pelo país durante a campanha para consolidar a nacionalização de seu nome.
A busca de Lula por um nome consensual entre os petistas paulistanos passará por uma reunião em breve entre ele, os presidentes do PT estadual e municipal, Luiz Marinho e Laércio Ribeiro, e todos os pré-candidatos colocados na prévia municipal.