Por maior bancada, Eunício, Roseana e Garibaldi devem concorrer à Câmara
A ideia é que os caciques atuem como puxadores de votos nas eleições de outubro
Nos últimos 30 anos, o MDB sempre figurou entre os maiores partidos políticos do país. Especialista em sobrevivência, foi um assíduo aliado do governo federal e emplacou ministérios em todas as gestões, de José Sarney a Michel Temer – até que, fisgado nas investigações da Lava-Jato e varrido pelo movimento antipolítica que elegeu Jair Bolsonaro (PL), viu poder e influência minguarem. Embora ainda tenha o maior número de prefeituras do país, na casa das 800, perdeu 25% delas nas últimas eleições municipais e, com a ascensão de legendas do Centrão como base de apoio do presidente, é hoje apenas a sétima bancada na Câmara dos Deputados. Pensando nisso, nas eleições de outubro políticos tradicionais emedebistas devem disputar uma vaga na Câmara dos Deputados e tentar atuar como puxadores de votos para a legenda.
Nesta lista estão o ex-presidente do Congresso, Eunício Oliveira, que perdeu a última disputa para o bolsonarista Eduardo Girão (Podemos-CE), a ex-governadora maranhense Roseana Sarney e o ex-presidente do Senado Garibaldi Alves (RN). Para caciques emedebistas que contabilizam sua força política pelo número de parlamentares que lideram e pela influência que detém nos estados que governam, a sobrevida eleitoral em 2022 passa necessariamente por voltar a ter uma forte bancada de deputados na Câmara.
Eunício, por exemplo, alimenta a ideia de ser o próximo presidente da Casa legislativa. Ele é um dos artífices para que o MDB se alinhe de imediato à candidatura do ex-presidente Lula, apesar de o partido ter lançado o nome da senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata ao Palácio do Planalto.
Para o também senador Renan Calheiros, que, ao lado de Eunício, lidera a ala pró-Lula na sigla, o partido só voltará a ter protagonismo com uma “estratégia de sobrevivência e de crescimento”. “O MDB acabou sendo atropelado pelos mecanismos que a política nacional inventou, entre elas a estratégia da última campanha nacional, quando o partido apostou em uma candidatura própria e teve 1% dos votos. Nossas bancadas na Câmara e no Senado foram reduzidas pela metade. Também diluímos nosso número de prefeituras por causa do ‘momento Bolsonaro’ em 2018. Sem uma estratégia de sobrevivência e de crescimento nessas eleições teremos dificuldades”, disse ele a VEJA.