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Os bastidores do julgamento que livrou Michel Temer da cassação

Relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer, ministro Herman Benjamin se tornou inimigo número um do PT

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 set 2024, 18h33

“Coloquei um ponto final naquele episódio, mas um dia vou escrever sobre o que aconteceu ali”. É assim, meio lacônico, meio enigmático, que o ministro Herman Benjamin, de 66 anos, novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), resume os momentos mais turbulentos de sua carreira pública e promete um dia revelar os bastidores do que viveu em 2017.

Naquele ano, no papel de corregedor-geral eleitoral, ele conduziu com mão de ferro as investigações que miravam a chapa presidencial formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, acusados de se beneficiar de propinas do escândalo da Lava-Jato para se reelegerem. Uma condenação poderia levar à inédita derrubada de um presidente da República do cargo pela Justiça Eleitoral, mas Temer foi poupado.

Àquela altura, a petista já havia sofrido um processo de impeachment, e as atenções da Justiça Eleitoral voltavam-se em especial à eventual inelegibilidade de ambos e ao destino que seria dado ao presidente que assumiu após a destituição de Dilma. Por quatro votos a três, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desconsiderou as delações premiadas, confissões assinadas e a avalanche de provas criminais colhidas, em parte, pelo próprio Benjamin, e absolveu a chapa. Derrotado, o ministro foi autor de uma das declarações mais emblemáticas no pós-julgamento: “recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão”.

“Ainda hoje não acredito que disse aquilo”, afirmou a VEJA. O ministro concedeu entrevista às Páginas Amarelas da edição que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais.

A contundência com que proferiu seu voto indicava desde o primeiro dia as provocações e tentativas de postergação de que o julgamento seria alvo. “Não podemos transformar este processo em um processo sem fim. Este processo não é para ouvir Adão e Eva e possivelmente a serpente. Não somos noviços e nem os brasileiros, tolos. Sabemos exatamente o que está diante de nós”, afirmou na época.

“O que está diante de nós” é o que Herman promete que no futuro revelará. São bastidores que apenas o juiz que esteve à frente dos depoimentos, presenciou conversas de coxia antes da entrada em Plenário e viu o país acompanhar minuto a minuto o desfecho do caso.

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