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Oposição e Bolsonaro colocam troca de presidente na ordem do dia

‘Vamos enfrentar o problema? Ou o problema é o presidente’, diz chefe do Executivo; Ciro, Haddad e outros líderes de partidos da esquerda pedem renúncia

Por Da Redação Atualizado em 30 mar 2020, 15h13 - Publicado em 30 mar 2020, 14h19

Líderes dos principais partidos de oposição e o próprio Jair Bolsonaro colocaram em discussão a questão do afastamento do cargo do presidente da República em meio às críticas que o chefe do Executivo Federal tem sofrido por sua postura em relação ao combate ao avanço do novo coronavírus no país.

Bolsonaro tem defendido a flexibilização do isolamento social que governadores e prefeitos têm imposto para evitar aglomerações, que facilitam o contágio da doença. O presidente, que acredita que a medida vai provocar sérias consequências à economia do país, levou essa ideia no domingo 29 a moradores de Brasília durante passeio pela capital federal.

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Ele chegou a dizer às pessoas que o abordavam durante a caminhada que poderia editar um decreto para flexibilizar as restrições impostas por estados e municípios. Nesta segunda-feira, 30, ao deixar o Palácio da Alvorada, ele voltou a defender a medida e criticou os que, segundo ele, querem forçar uma ampla quarentena para “quebrar o país”.

“Vamos enfrentar o problema? Ou o problema é o presidente? Tem que trocar de presidente e resolve tudo?”, perguntou Bolsonaro, durante conversa com apoiadores e jornalistas. Segundo ele, se houver um caos no país, aproveitadores se valerão disso para chegar ao poder e não mais deixá-lo. “O problema não é do presidente, é de todos nós. E quando a situação vai para o caos, como, por exemplo, desemprego em massa, fome, problemas sociais, é um terreno fértil para os aproveitadores buscarem uma maneira de chegar ao poder e não mais sair dele”, disse. “Atiram numa pessoa só, o alvo sou eu. Se o Bolsonaro sair e entrar o Haddad (Fernando Haddad, do PT, seu rival no segundo turno da eleição presidencial) ou outro qualquer, está resolvido o problema?”, questionou.

Oposição

Também durante a manhã desta segunda-feira, a questão do afastamento do presidente voltou à pauta, dessa vez por iniciativa da oposição, com a divulgação de uma carta sugerindo a renúncia do presidente. O documento foi assinado pelos ex-rivais de Bolsonaro na eleição de 2018 Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), além de outros nomes como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e os ex-governadores do Paraná Roberto Requião (MDB) e do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT).

“Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de saúde pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública. Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo”, defendem.

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Na Câmara, há três pedidos de impeachment do presidente apresentados pelo deputado distrital do DF Leandro Grass (Rede), pelo deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) e por parlamentares do PSOL. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não deve encaminhar a tramitação de nenhum deles neste momento.

Leia abaixo a íntegra da carta da oposição

O Brasil e o mundo enfrentam uma emergência sem precedentes na história moderna, a pandemia do coronavírus, de gravíssimas consequências para a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica.

Em nosso país a emergência é agravada por um presidente da República irresponsável. Jair Bolsonaro é o maior obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio, salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e as empresas. Atenta contra a saúde pública, desconsiderando determnações técnicas e as experiências de outros países. Antes mesmo da chegada do vírus, os serviços públicos e a economia brasileira já estavam dramaticamente debilitados pela agenda neoliberal que vem sendo imposta ao país. Neste momento é preciso mobilizar, sem limites, todos os recursos públicos necessários para salvar vidas.

Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de Saúde Pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta! Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública. Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo.

Ao mesmo tempo, ao contrário de seu governo – que anuncia medidas tardias e erráticas – temos compromisso com o Brasil. Por isso chamamos a unidade das forças políticas populares e democráticas em torno de um Plano de Emergência Nacional para implantar as seguintes ações:

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-Manter e qualificar as medidas de redução do contato social enquanto forem necessárias, de acordo com critérios científicos;

-Criação de leitos de UTI provisórios e importação massiva de testes e equipamentos de proteção para profissionais e para a população;

-Implementação urgente da Renda Básica permanente para desempregados e trabalhadores informais, de acordo com o PL aprovado pela Câmara dos Deputados, e com olhar especial aos povos indígenas, quilombolas e aos sem-teto, que estão em maior vulnerabilidade;

-Suspensão da cobrança das tarifas de serviços básicos para os mais pobres enquanto dure a crise,

-Proibição de demissões, com auxílio do Estado no pagamento do salário aos setores mais afetados e socorro em forma de financiamento subsidiado, aos médios, pequenos e micro empresários;

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-Regulamentação imediata de tributos sobre grandes fortunas, lucros e dividendos; empréstimo compulsório a ser pago pelos bancos privados e utilização do Tesouro Nacional para arcar com os gastos de saúde e seguro social, além da previsão de revisão seletiva e criteriosa das renunciais fiscais, quando a economia for normalizada.

Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como muitos têm feito de forma louvável. É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e patriotismo.

Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB

Carlos Lupi, presidente nacional do PDT

Ciro Gomes, ex-candidato a Presidência pelo PDT

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Edmilson Costa, presidente nacional do PCB

Fernando Haddad, ex-candidato à Presidência pelo PT

Flavio Dino, governador do estado do Maranhão

Guilherme Boulos, ex-candidato a Presidência pelo PSOL

Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT

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Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL.

Luciana Santos, presidente nacional do PC do B

Manuela D’Avila, ex-candidata a Vice-presidência (PC do B).

Roberto Requião, ex-governador do Paraná

Sonia Guajajara, ex-candidata à Vice-Presidência (PSOL)

Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul

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